>>>A Incrível Decadência Humana<<<



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quinta-feira, julho 14, 2016

 hoje quase rezei
 e cheguei mesmo a acreditar que deus só estaria dormindo
 mas por qual razão ele acordaria por mim?

escrevi às 12:29

terça-feira, julho 12, 2016

 eu deixo a carta e as flores na sua porta
 poderia ser uma metáfora mas não é
 é só a coisa idiota que sempre insisto em fazer
 esperando que alguma coisa aconteça
 para mudar radicalmente minha vida

 (mas nada nunca acontece)

escrevi às 20:46

segunda-feira, julho 11, 2016

Impressão IV - e.e. cummings

as horas sobem apagando estrelas e é
madrugada
nas ruas do céu a luz anda espalhando poemas

na terra uma vela é
extinta a cidade
acorda

com uma canção em sua
boca tendo a morte em seus olhos

e é madrugada
o mundo
continua a assassinar os sonhos. . . .

vejo na rua em que homens
fortes cavam pão
e eu

vejo os rostos brutais das
pessoas contentes horríveis perdidas cruéis
felizes

e é dia,

no espelho
vejo um homem frágil
sonhando
sonhos
sonhos no espelho

e
é crespúsculo na terra

uma vela se acende
e é escuro.
as pessoas estão em casa
o homem frágil está na cama
a cidade
morre com a morte na boca tendo uma canção
nos olhos
as horas descem,
levando à cena estrelas. . . .

na rua do céu a noite anda espalhando poemas

escrevi às 16:21

sexta-feira, julho 08, 2016

"Penso em Si desde o dia em que a vi - um mês? Quando eu era jovem sentia pressa de me dizer, sentia sempre medo de deixar passar a onda que saía de mim e me levava à outra, sentia sempre medo de já não amar, já não saber nada. Mas agora já não sou jovem e aprendi a deixar quase tudo passar - irremediavelmente.
Ter tudo para dizer - e não abrir os lábios. Tudo para dar - e não abrir a mão
"

Marina Tsvietaieva - Meu Irmão Feminino

escrevi às 12:42

quinta-feira, julho 07, 2016

 eu guardei a pulseira de triagem do hospital para me lembrar que a vida pode seguir muito bem sem mim...
 mas que ainda assim, não obstante e apesar de tudo - de todo o resto e todos os outros - eu tenha coragem de não ceder a destruição do tempo como algo terrível
 que eu consiga levantar da cama e caminhar até a porta
 descer as escadas
 ir comprar o pão pela manhã




escrevi às 18:44

quarta-feira, julho 06, 2016



"Às 3h15, nós não vamos para a cama juntos outra vez, e ela não vai enroscar suas pernas com as minhas e não vamos dormir. E então, pela manhã, ela não vai me dizer "Oi pessoa" e então não vamos passar outro dia, apenas um dia comum e aborrecido. E não vamos ter filhos, e depois não vamos envelhecer juntos. E depois não vamos lembrar juntos nossas vidas porque nem vamos reconhecer um ao outro. Isso é o que vai acontecer às 3h15."


Miranda July - o Futuro

escrevi às 16:07

 Lembranças esparsas de 2 de julho em meio as luzes brancas e assépticas do hospital:
 talvez eu tenha quase morrido para provar a mim mesmo que posso te dar o que você pede.
 depois, quando os remédios passam e a vergonha vem, meu melhor amigo me diz como se não fosse nada (como uma piada):
 "Você disse assim deitado na maca: 'Maiakóvski escreveu certa vez que há um homem feliz no Brasil... quem seria esse homem? Quem?'"

escrevi às 13:45

terça-feira, julho 05, 2016

"O que eu fiz de errado eu carrego comigo. Nada some porque a gente decide, porque a gente quer. Ninguém pode me tirar o mal que eu fiz pros outros. A gente precisa disso pra ser uma pessoa melhor. Perdoar é como fingir que não existe. Mas a vida é resultado do que a gente fez. Não faz sentido agir como se algo não tivesse acontecido...

É por isso que perdoar não faz sentido. Perdoar é uma covardia. O que exige coragem é continuar amando e tendo amizades e fazendo bem pros outros sem fingir que se pode apagar nada, sem perdoar nem aceitar perdão."


Daniel Galera - "Barba ensopada de sangue"

escrevi às 16:38

 Quando eles me colocaram na maca do hospital, acho que pensei o quanto era idiota morrer por amor depois de velho.
 O fato é que morrer por amor, por idiotice ou por nada não faz a menor diferença...
 é só morrer.

escrevi às 13:29

sábado, julho 02, 2016



Não se mate - Carlos Drummond de Andrade


Carlos, sossegue, o amor

é isso que você está vendo:

hoje beija, amanhã não beija,

depois de amanhã é domingo

e segunda-feira ninguém sabe

o que será.


Inútil você resistir

ou mesmo suicidar-se.

Não se mate, oh não se mate,

Reserve-se todo para

as bodas que ninguém sabe

quando virão,

se é que virão.


O amor, Carlos, você telúrico,

a noite passou em você,

e os recalques se sublimando,

lá dentro um barulho inefável,

rezas,

vitrolas,

santos que se persignam,

anúncios do melhor sabão,

barulho que ninguém sabe

de quê, praquê.


Entretanto você caminha

melancólico e vertical.

Você é a palmeira, você é o grito

que ninguém ouviu no teatro

e as luzes todas se apagam.

O amor no escuro, não, no claro,

é sempre triste, meu filho, Carlos,

mas não diga nada a ninguém,

ninguém sabe nem saberá.

Não se mate

escrevi às 12:38