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sexta-feira, julho 29, 2005
"Voltar para casa é sempre demorado, lento e triste como as segundas-feiras; voltar para casa, quando se vive sozinho e o pó deita teias de aranha no canto dos quartos, é o que se pode chamar de uma vilania contra si mesmo. Mas para onde não voltar?"trecho do conto Desarranjos Pedestres do escritor Wilson Bueno
Qual é o sentido da eterna volta? E quanto foram os atos necessários para levar a minha queda e ascenção?
Muitos foram os que já se perguntaram o mesmo questionamento sem proposito (e agora pretensiosamente o faço). Sempre fui um plagiador mediocre, essa é a minha verdade.
Perdoai pai, por maldizer sua imagem defronte a minha no espelho, pois nem nisso pude ser único, se o rosto que vejo não sou eu, apenas parte de meu pai e de infinitos antepassados almejando continuar eternamente suas vidas e histórias em mim e em meu próprio corpo.
A alma sempre morrer devagar, carcomida por indagações vazias e pelas mesmas palavras tolas, perdoai pai, seu filho não deseja a continuação da linhagem, seu filho desdenhou a deus e sorriu, quando lhe disseram: "você não é mais o mesmo".
Já não dança, permanece sentado olhando folhas brancas e possíveis versos que nunca se formaram... perdoai pai, sou filho neófito e poeta menor, perdoai pai se desejei morrer tantas vezes...
É mais fácil maldizer a ser deus nas palavras.