>>>A Incrível Decadência Humana<<<



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segunda-feira, setembro 29, 2008

"Há uma névoa sobre a cidade como a fumaça no balcão. você tem 3 cigarros agora, todos acesos entre seus dentes. O resto de nós bebe às nossas lembranças decadentes porque sabemos que estamos indo embora, mas isso acontece tão de repente. você é a prescrição perfeita para minha negatividade. apenas uma breve conversa como uma rapida dose de alívio.veja o que você fez. Cantando apenas sobre a dor, é tão estúpido mas acho que é fácil reclamar. tudo isso é sobre a dívida. para sempre em débito com você. os melhores amigos que eu poderia ter. para sempre em dívida com você"

Respira - A Brief Conversation

escrevi às 20:47

eu chamo meus amigos (os que restaram)


para me assistirem cair


da porta do bar eles riem


queria que me visse agora


com o rosto voltado pra o chão


não é uma questão de culpar alguém pelos erros,


mas desta vez eu sei (e aceito)


a culpa é minha.


escrevi às 19:53

domingo, setembro 28, 2008

"- Pelo amor de Deus, não diga isso, Ned! Não quero reconhecimento... o que quero é compreensão, não sei o que quero de você, ou de qualquer outra pessoa, na verdade. Quero mais do que recebo, é tudo que sei.
Quero que você saia para fora da sua pele. Quero que todo mundo se dispa, não apenas até a pele, mas até a alma. Às vezes fico tão faminto, tão voraz, que seria capaz de comer as pessoas. Mal posso esperar que me digam as coisas... como sentem... o que querem... e assim por diante.
Quero mastigá-las vivas... descobrir por mim mesmo... rápido, imediatamente. Escute aqui: apanhei um desenho de Ulric que estava sobre a mesa. Está vendo isso? Suponhamos que eu o comesse - comecei a mastigar o papel.
- Por Deus, Henry, não faça isso! Ele vem trabalhando nisso nos últimos três dias. É uma encomenda - Arrancou-me o desenho da mão.
- Está bem, disse eu. Me dê outra coisa, então. Me dê um casaco... qualquer coisa. Venha cá, me dê sua mão. - Fiz uma tentativa de alcançar sua mão e levá-la até a boca. Ele a puxou violentamente.
- Você está ficando doido - disse ele. Ouça, controle-se. As garotas logo estarão de volta e então, você poderá comer comida de verdade.
- Como qualquer coisa. Não estou com fome, disse eu, estou exaltado. Só quero lhe mostrar como me sinto. Você nunca fica assim?
- Certamente que não! - disse ele, mostrando um canino. Por Deus, se chegasse a esse ponto iria consultar um médico. Acharia que estava com delirium tremens ou algo do gênero. É melhor você deixar o copo descansar... o gim não está lhe fazendo bem.
- Acha que é o gim? Está bem, vou jogá-lo fora. - Fui à janela e joguei a bebida fora, na área.
- Pronto, agora me dê um copo d´água. Traga um jarro d´água. Vou lhe mostrar... Nunca viu ninguém ficar bêbado com água, hein? Pois bem, me observe.
(...)
- Tem certeza que não quer uma gotinha de gim na água? Não vou acusá-lo de trapaça. A água é tão sem graça, sem gosto!
- A água é o elixir da vida, meu caro Ned. Se eu governasse o mundo, daria às pessoas criadoras uma dieta de pão e água. Aos obtusos daria a comida e a bebida por que anseiam. Eu os envenenaria satisfazendo seus desejos. A comida é veneno para o espírito. A comida não satisfaz a fome, nem a bebida, a sede. O alimento, sexual ou de outra ordem, só é satisfatório para os apetites. A fome é outra coisa. Ninguém pode satisfazer a fome. A fome é o barômetro da alma. O êxtase é a norma. Serenidade é estar livre das condições atmosféricas - o clima permanente da estratosfera. É para onde todos nós nos dirigimos... para a estratosfera. Já estou um pouco bêbado, não vê? Porque, quando você pode pensar sem serenidade, quer dizer que já passou do zênite de exaltação. Um minuto depois do meio-dia começa a noite, dizem os chineses. Mas no zênite e no nadir você fica totalmente parado por um momento ou dois. Nos dois pólos, Deus lhe dá a chance de se livrar do mecanismo de relógio. No nadir, que é a intoxicação física, você tem o privilégio de ficar louco - ou de cometer suicídio, No zênite, que é um estado de êxtase, pode-se passar realizado para a serenidade e a felicidade. São agora dez minutos depois das doze no relógio espiritual. A noite caiu. Não estou mais com fome, sinto apenas um desejo maluco de ser feliz."


Sexus - Henry Miller

escrevi às 02:59

devo voltar para casa, o dia amanhece
e o resto de nós bebe
festejando nossas memórias decadentes em um bar sujo qualquer
ainda estou como se bêbado de água
penso, talvez exista um ponto onde possa observar tudo de forma mais clara
então retornarei alguns passos e me embriagarei em nossas meias verdades
já não me sinto tão idiota nesse "lugar menos importante" em que você me deixou

escrevi às 01:35

quarta-feira, setembro 24, 2008

"Deste-me a intempérie,
A leve sombra da tua mão
Passando por meu rosto.
Deste-me o frio, a distância,
O amargo café da meia-noite
Entre mesas vazias.

Sempre começou a chover
Na metade do filme,
A flor que para ti levei tinha
Uma aranha esperando entre as pétalas

Creio que sabias
E que favoreceste a desgraça.
Sempre esqueci o guarda-chuva
Antes de ir buscar-te,
O restaurante estava lotado
E vozeavam a guerra nas esquinas.

Foi uma letra de tango
Para tua indiferente melodia.
"

Quiçá a mais querida - Julio Cortázar

escrevi às 19:28

Não estou silencioso porque não estou pensando em você.
Eu apenas não tenho nada de novo a dizer.

escrevi às 18:53

domingo, setembro 21, 2008

Vladimir: Então, devemos partir?
Estragon: Sim, vamos.
Eles não se movem.


Esperando Godot - Samuel Beckett

escrevi às 02:30

esperei a noite inteira e todos os meus pensamentos não me levaram a lugar nenhum
a melhor parte de aguardar é sempre ver que de manhã não se sente mais nada
mesmo que suas chaves ainda permaneçam em cima da mesa
mesmo que eu perceba sua ausência pelo vazio na cama desfeita

escrevi às 02:08

domingo, setembro 14, 2008

"o pessimista deve inventar para si mesmo, a cada dia, outras razões para existir: é uma vítima do sentido da vida"

E.M. Cioran

escrevi às 01:23

e assim, gradualmente, vamos seguindo em frente...
você sabe como é dificil, não sabe?
( mesmo que as vezes pareça ser tão fácil para você )
paciência... o passado precisa ficar onde está
então já deixei de acreditar em promessas
mesmo que faça as minhas todas as manhã quando acordo:
"não ficar triste"
"não me apaixonar"
"ir a aula"
"não lembrar"
"seguir"
"..."
são as minhas preces silenciosas
meus pequenos motivos diários para viver
e as promessas que eu também quebrarei.
tenho certeza de que não posso fazer mais nada por nós
( isso é tão libertador, querida)
estou cansado e já não me importo mais
se me procura, se virá me assustar a noite em meus sonhos, se tem problemas, se está sozinha, se suas cartas ficam pelo chão, se seu namorado te trai, se ainda lê o que escrevo ou tem sentimentos por mim, se está feliz
eu estou
isso basta


(sei que não poderei cumprir grande parte delas)

escrevi às 00:50

terça-feira, setembro 09, 2008

"Quando Ana me deixou - essa frase ficou na minha cabeça, de dois jeitos - e depois que Ana me deixou. Sei que não é exatamente uma frase, só um começo de frase, mas foi o que ficou na minha cabeça. Eu pensava assim: quando Ana me deixou - e essa não-continuação era a única espécie de não continuação que vinha. Entre aquele quando e aquele depois, não havia nada mais na minha cabeça nem na minha vida além do espaço em branco deixado pela ausência de Ana, embora eu pudesse preenchê-lo - esse espaço branco sem Ana - de muitas formas, tantas quantas quisesse, com palavras ou ações. Ou não-palavras e não-ações, porque o silêncio e a imobilidade foram dois dos jeitos menos dolorosos que encontrei, naquele tempo, para ocupar meus dias, meu apartamento, minha cama, meus passeios, meus jantares, meus pensamentos, minhas trepadas e todas essas outras coisas que formam uma vida com ou sem alguém como Ana dentro dela.

Quando Ana me deixou, eu fiquei muito tempo parado na sala do apartamento, cerca de oito horas da noite, com o bilhete dela nas mãos. No horário de verão, pela janela aberta da sala, à luz das oito horas da noite podiam-se ainda ver uns restos dourados e vermelho deixados pelo sol atrás dos edifícios, nos lados de Pinheiros. Eu fiquei muito tempo parado no meio da sala do apartamento, o último bilhete de Ana nas mãos, olhando pela janela os dourados e o vermelho do céu. E lembro que pensei agora o telefone vai tocar, e o telefone não tocou, e depois de algum tempo em que o telefone não tocou, e podia ser Lucinha da agência ou Paulo do cineclube ou Nelson de Paris ou minha mãe do Sul, convidando para jantar, para cheirar pó, para ver Nastassja Kinski nua, perguntando que tempo fazia ou qualquer coisa assim, então pensei agora a campainha vai tocar. Podia ser o porteiro entregando alguma dessas criancinhas meio monstros de edifício, que adoram apertar as campainhas alheias, depois sair correndo. Ou simples engano, podia ser. Mas a campainha também não tocou, e eu continuei por muito tempo sem salvação parado ali no centro da sala que começava a ficar azulada pela noite, feito o interior de um aquário, o bilhete de Ana nas mãos, sem fazer absolutamente nada além de respirar.

Depois que Ana me deixou - não naquele momento exato em que estou ali parado, porque aquele momento exato é o momento-quando, não o momento-depois, e no momento-quando não acontece nada dentro dele, somente a ausência da Ana, igual a uma bolha de sabão redonda, luminosa, suspensa no ar, bem no centro da sala do apartamento, e dentro dessa bolha é que estou parado também, suspenso também, mas não luminoso, ao contrário, opaco, fosco, sem brilho e ainda vestido com um dos ternos que uso para trabalhar, apenas o nó da gravata levemente afrouxado, porque é começo de verão e o suor que escorre pelo meu corpo começa a molhar as mãos e a dissolver a tinta das letras no bilhete de Ana - depois que Ana me deixou, como ia dizendo, dei para beber, como é de praxe."

trecho de Sem Ana, blues de Caio F. Abreu

escrevi às 16:54

Plágio de Ginsberg:

Faz muito tempo que mudamos para cá
e transamos, conversamos, sonhamos
choramos, mijamos juntos.
Desde então eu acordo todos os dias
e pela manhã com o mesmo devaneio tolo nos olhos
caminho até a porta para ver se você voltou
para crer que você ainda lembra de mim
eu te amo eu te amo eu te amo
amo você e todas as mulheres infelizes e mal amadas da sua família
aceitaria tudo e aceito agora que já não faz mais diferença aceitar ou não
aceito seus vexames, as garrafas de vodka enterradas no armário,
seu choro, a sujeira que sempre ficava presa nos teus dentes,
sua infantilidade, sua eterna infantilidade...

Faz tanto tempo que tenho me sentido sozinho
e passo horas deitado nessa cama
e ninguém mais veio velar meu sono
ninguém mais para se despir e deitar ao meu lado
ninguém mais para tocar meus joelhos magros

Essa noite estarei por minha conta
então, nunca se sabe quem posso encontrar por aí
(planejamos tão bem nossos fracassos)

Chegarei em casa
abrirei a porta
olharei nos seus olhos
e você não dirá nada

escrevi às 15:39