>>>A Incrível Decadência Humana<<<



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sexta-feira, dezembro 31, 2004

"...Estou há quase dois anos na prisão. Durante esse tempo, meu temperamento me fez passar por momentos de selvagem desespero,de entrega total ao sofrimento, que era contristadora até para quem a observava, por uma raiva terrível e impotente, por sentimentos de amargura e rancor, por uma angústia que me fazia soluçar, um sofrimento que não encontrava palavras para expressar-se, um arrependimento mudo, um pesar silencioso. Passei por todos os estágios possíveis do sofrimento. Entendo melhor que o próprio Wordsworth o que ele quis dizer quando escreveu: " O sofrimento é algo permanente, misterioso e sombrio e tem a natureza do infinito"

Trecho de De Profundis do escritor Oscar Wilde... então, o que eu posso fazer?! Se não esperar que abram a cela e eu possa ser libertado de verdade... só me resta esperar...

escrevi às 08:34

Então esqueça de todos os gritos que foram dados por tanto tempo, em quartos tão escuros e abafados...
Dezembro acabou e nunca fomos tão esquecidos como agora, para onde iremos então, se nada será como antes pois esses dias nós nos entorpecemos em situações que não entendiamos e nada restou, se não as mesmas perguntas.
Radiografia de uma vida inteira, no meu quarto a mesma poeira, os mesmos livros na estante e em nossas gargantas as palavras que esquecemos, em minha cama morro sempre mais um pouco e a cada dia o canto empoeirado se enche mais de fantasmas.
Me canso de olhar para o teto e o desespero nunca parece cessar, a porta se abre e eu corro para fora, como se pudesse encontrar lá fora algo que não me fizesse sofrer, logo estou descendo as mesmas escadas e a novamente confrontar velhas situações... não, não sinta pena agora, só beije os meus lábios e me abrace como tenho esperado uma vida inteira e mesmo que dure só essa noite, não me importa mais, eu não vou sofrer.
Acredite em mim, nunca fui tão mentiroso...

escrevi às 08:05

sexta-feira, dezembro 24, 2004

"Já ouviu falar daquele louco que acendeu uma lanterna numa clara manhã, correu para a praça do mercado e pôs-se a gritar incessantemente: "Eu procuro Deus! Eu Procuro Deus!". Como muitos dos que não acreditam em Deus estivessem justamente por ali naquele instante, ele provocou muita risadas...
"Onde está Deus", ele gritava. "Eu devo dizer-lhes. Nós o matamos -- vocês e eu. Todos somos assassinos... Deus está morto. Deus continua morto. E nós o matamos..."


trecho de Gaia Ciência do escritor e filósofo Friedrich Nietzche... perder o paraíso não foi o maior preço a ser pago por nós, perdemos o tinhamos de mais puro, nossas certezas...

escrevi às 17:07

Esqueci de deus porque foi ele que se esqueceu de mim...
Todos sabem mas ninguém quer ver que fomos nós mesmos que o matamos, sem saber que só assim poderiamos coloca-lo acima de tudo e todos.
Já não tenho mais fé para caminhar sobre as águas e tocar suas vestes, minhas mãos sangram por chagas ainda abertas e tu toca com os dedos as feridas e sorri enquanto olha fixamente as feridas que você me mesmo fez. Nunca mais irei carregar a culpa de não crêr em ti, nunca mais irei procurar em poças o seu rosto e suas respostas...
Belo paradigma carregar, momentos de não crença para reafirmar a comum presente, pois se não acredita, então porque tentar provar o contrário?! Talvez seja essa, a grande pergunta para ambas as partes, não há como ter certeza de nada e sabemos o quanto isso é doloroso.
Mesmo assim, disposto a pagar o preço por ser "insolente demais" como você mesmo disse certa vez, tanto faz agora, sei tão bem quanto você o que poderiamos ter sido se não quisessemos ir além. Ainda assim estariamos em paz? Crêr em você é renegar o que temos de mais horrendo e belo, é achar que poderemos alcançar a redenção por meios mais fáceis que a auto-descoberta/auto-crítica.
E ACREDITE em mim, já é um fardo grande demais ser o que somos agora.

escrevi às 16:14

quinta-feira, dezembro 23, 2004

"Eu sou o filho
Eu sou o herdeiro
De algo brilhante,
mas criminosamente vulgar
Eu sou o filho e herdeiro
De nada em particular
Cale a boca
Como você pode dizer
Que eu faço as coisas do jeito errado?
Eu sou um ser humano e preciso ser amado
Como qualquer outro...
Tem um clube, que se você quiser ir
você pode encontrar pessoas que realmente amem você
Mas você vai e fica sozinha
E permanece sozinha
Então volta pra casa, chora
E pensa em morrer...
Quando você disse que algo poderia acontecer “agora”,
exatamente quando você quis dizer?
Será que você não sabe que eu já estou cansado de esperar
e que toda minha esperança se foi "

tradução da letra de música How Soon is Now? do grupo The Smiths... eu só queria que soubesse, que... não deixa, já é tarde, todos os sonhos ficaram nas poças de água lá fora e acho que é melhor assim (é o que resta para acreditar) ...

escrevi às 23:57

Nunca poderei tocar seu rosto e nem ver você deitada na cama, enquanto velo seu sono e estudo cada angulo do seu corpo...
Não poderia ser mais do que sou agora(e o que de fato sou?), e mais do que nunca sei que não basta, sei que de nada adiantaria tentar. Poderia chorar tão copiosamente, mas acho que a pena só aumentou a minha dor... eu sei, eu sei,EU SEI!!!
Me deixa em paz, não me força a confrontar-me no espelho novamente, horrendo demais é o reflexo que vejo, desgracei tudo que acreditei, longe de deus e dos ideais que permearam uma vida inteira ... foi a muito tempo, ele se descobriu falho, viu que nada era além de um qualquer, descobriu-se falho e depois viu que era feito de ossos, carne e vazio.
Chove lá fora e até bem pouco tempo atrás, eu caminhava sozinho para casa enquanto sangrava poesia, falava com fantasmas e me renegava por três vezes, tanto ódio para quê? Nunca serviu para nada, além de molhar o chão com lágrimas( e que agora se confundem com os pingos da chuva)... nunca serviu para ninguém, além daqueles que fingiam se importar( e que agora se confundem com os que diziam: "não vou te esquecer").
As vezes penso, que estou cansado de morrer todos os dias e logo me convenço que mesmo que quisesse o contrário, não bastaria, já estou morto a muito tempo (e isso você nunca vai entender)...

escrevi às 11:41

quarta-feira, dezembro 22, 2004

"Um dia você ficará cego, como eu. Estará sentado num lugar qualquer, pequeno ponto perdido no nada, para sempre, no escuro, como eu. Um dia você dirá, estou cansado, vou me sentar, e sentará. Então você dirá, tenho fome, vou me levantar e conseguir o que comer. Mas você não levantará. E você dirá, fiz mal em sentar, mas já que sentei, ficarei sentado mais um pouco, depois levanto e busco o que comer. Mas você não levantará e nem conseguirá o que comer. Ficará um tempo olhando a parede, então você dirá, vou fechar os olhos, cochilar talvez, depois vou me sentir melhor, e você os fechará. E quando reabrir os olhos, não haverá mais parede. Estará rodeado pelo vazio do infinito, nem todos os mortos de todos os tempos, ainda que ressucitassem, o preencheriam, e então você será como um pedregulho perdido na estepe."

trecho da peça Fim de Partida do escritor Samuel Beckett... como bem sabe, depois do fim ainda há mais, não acabou e é isso que me dá medo...

escrevi às 23:56

Como pude achar que duraria mais que alguns dias?!
Ela voltou e entrou sem bater na porta, levou o teto e fez cair as paredes, deixando o vento frio entrar de novo...
A euforia desce pelas mãos, dedos e escorre no ralo, a prepotência cegou meus olhos (e eu que achava que era apenas a felicidade, enfim chegando) e trouxe novamente lembranças dos dias em que passei a seguir tua sombra, esperando a hora que ninguém me veria chorar voltando para casa.
Caminhei até a escada e me sentei lá, onde mais uma vez enfim me embebedei de café e frustrações... "não, não é nada, só estou cansado" quantas vezes uma mentira deve ser dita para se tornar uma verdade?! Repito quantas vezes for preciso, para que eu possa acreditar.
Fecham-se as cortinas, apagam as luzes já terminou, não há nada que possamos fazer agora que todos já foram embora, e permanecemos esquecendo de todas as vitórias(e dos dias em que eu me senti completo)... não há o que comemorar, fomos trocados por um mísero saco de moedas e meia dúzia de aplausos...
Vendei os próprios olhos mas não adianta, meus olhos vêem tudo o que perdi... e tudo o que deixei perder...

escrevi às 23:30

quarta-feira, dezembro 15, 2004

"Quem sou eu?
De onde venho?
Sou Antonin Artaud
e basta que eu o diga
Como só eu o sei dizer
e imediatamente
hão de ver meu corpo
atual,voar em pedaços
e se juntar
sob dez mil aspectos
diversos.
Um novo corpo
no qual nunca mais
poderão esquecer

Eu, Antonin Artaud, sou meu filho,
meu pai,
minha mãe,
e eu mesmo.
Eu represento Antonin Artaud!
Estou sempre morto

Mas um vivo morto,
Um morto vivo.
Sou um morto
Sempre vivo.
A tragédia em cena já não me basta.
Quero transportá-la para minha vida.
Eu represento totalmente a minha vida

Onde as pessoas procuram criar obras de arte,
eu pretendo mostrar o meu espírito.
Não concebo uma obra de arte dissociada da vida

Eu, o senhor Antonin Artaud,
nascido em Marseilleno dia 4 de setembro de 1896,
eu sou Satã e eu sou Deus,
e pouco me importa a Virgem Maria.
"

poema de Antonin Artaud... finjo bem ou realmente vejo o mundo dessa forma?! Não, não quero pensar nisso, pouco me importa... por favor, me deixa só acreditar que vai durar mais do que esses dias...

escrevi às 01:32

Os dias passam tão rapidamente e nunca notamos o quanto mudamos...
Eu ainda estou do mesmo lado, cantando as mesmas canções que aprendi quando ainda estava aqui, rodeando-me e rastejando pelas paredes. Quando foi que esquecemos?
A melancolia de dias tão cinzas, suja a face, mas mesmo assim, mesmo assim eu queria tentar, novamente... não, não é em vão, me engano tão bem e me sinto tão bem que a pergunta: "para que tudo isso?", é respondida com um simples: "gosto disso, sou um ator", sorrimos (é o que resta).
Já não penso em ti e você, pensa em mim? Espero que não, faça como combinamos, esqueça-me ao menos por esses dias, em que consigo dormir tu não está mais nos meus sonhos.
Sereno até mesmo na tristeza, para evitar ser soterrado por dezembro que nem acabou, sereno para tentar descobrir quem se é por trás de toda as contradições, máscaras e mentiras...
Calma, está longe mas vai chegar.

escrevi às 01:19

quinta-feira, dezembro 09, 2004

"Reclinada desse modo, com o olhar perdido, ela observava a superfície da água a se erguer pouco a pouco, cobrindo seu corpo. "Assim se sepultam os mortos", começou a pensar, mas logo se empenhou em demolir a idéia, como fazia sempre que algo sinistro ou excessivamente triste lhe ocorria. "Não, não", repetiu consigo. Era cedo demais para pensar em coisas assim."

trecho retirado do livro Dossiê H do escrito albanês Ismael Kadaré... é covarde demais para acreditar que está acabado antes mesmo de acabar...

escrevi às 23:52

Grita bem forte no meu ouvido e novamente tampa com suas mãos meus olhos...
Muito bem, sei que estou vivo e que nada mais importa agora, estamos prontos a saltar das janelas e voar , nunca mais esperaremos tocar o sol pois hoje nem o medo pode cegar nossos olhos.
Tudo parecia estar tão distante, mas acho que estamos indo tão rápido para o chão que mesmo a turva visão não nos tira a lucidez conquistada por tão brava luta contra nós mesmo, sem mais perguntas (sem respostas), sem mais cobranças (inúteis), sem idealizações (fracassadas)... tudo se esvai de formas pré-definidas, que fique apenas o que seja verdadeiro, para o bem ou para o mal.
Descobrir-se falho e humano, dói, mas não agora, pois se fica mais sereno com respostas tão simples e mesmo que não fizesse sentido não valeria a pena ligar, pois hoje, mais do que nunca, vejo que é preciso apacentar o espirito para suportar o enorme peso de uma vida sem sentido.
O caminho é longo mas não, eu não quero chorar agora, a vista está cansada demais de sentimentos mundanos e lamúrias, então façamos algo nunca feito anteriormente, sorria antes da queda.
Coragem para fazer o que tem de ser feito...

escrevi às 23:12

quinta-feira, dezembro 02, 2004

"Ninguém acredita em mim, mas eu acredito..."

trecho retirado da peça O Beijo no Asfalto do draumaturgo Nelson Rodrigues... e talvez nem disso tenha certeza...

escrevi às 21:28

Você bate tão forte no peito que as minhas pernas vacilam e eu tombo para trás, caindo para o vazio pois suas mãos não tiveram força o bastante para me segurar...
Meu corpo bate tão forte no chão e está tão escuro que eu finjo não sentir nada, finjo para que eles achem que estou realmente morto (eles sabem, não é preciso representar).
Desce até mim gritando o meu nome, já não o ouço e você beija a minha boca, ainda sinto o gosto do barro em teus lábios tremulos e tudo isso me enoja.
Por favor, me deixa aqui, deitado e quieto enquanto seu escarro escorre pelo meu rosto.

escrevi às 20:55