>>>A Incrível Decadência Humana<<<



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quinta-feira, janeiro 30, 2003

Sonho

O meu sonho parece com um dentro de você
Apesar de parecer difícil de alcança-lo através desta vida
Sua vida triste e sem esperança

O meu sonho grita, amargo até o fim
O amor que divido -verdadeiro- egoísmo no coração
Meu coração, meu sagrado coração

O meu sonho sonha
Meu sonho
O meu sonho sonha
Meu sonho


trdução de Daydream da banda Smashing Pumpkins

escrevi às 14:03

Longe de casa a tanto tempo que o céu parece mais branco e a chuva bem mais fria.
Fiquei muito tempo deitado, ouvindo lamentações e gritos que saiam de uma caixa de som, ela veio deitar ao meu lado. Não havia muito o que falar, era um dia comum e eu suspirava.
Trocamos algumas palavras e sorrisos naquela manhã, mas nada que melhorasse meu humor e eu suspirava mais e mais. Andava pelo cantos como faço em minha casa a procura de qualquer coisa.
É estranho como me sinto bem ao lado dela, talvez a única pessoa que possa chamar de amigo(mas porque mesmo assim eu me sinto sozinho?!), ela entende as coisas que digo. Houve um conversa peculiar entre nós, como seria bom se gostassemos um do outro, seria tão mais fácil porque somos parecidos... mas sempre gostamos das pessoas erradas ou que nunca poderão retribuir o amor dado. Rimos depois de nossas brincadeiras infantis e tolas, mas não sinto vergonha disso.
Depois de dois dias em sua casa resolvi ir embora, foi ruim, me habituei muito mais do que queria a companhia dela. Peguei o ônibus, ouvindo mais lamentações em um fone, havia um vento gelado que não me deixava adormecer.
De volta a minha realidade, a cidade vazia, escura e suja. Me sinto bem em meio a essa decadência porque simplesmente faço parte dela. Eu caminho com um pensamento contínuo, meu único companheiro e alento nessas horas. São tantas pessoas e eu ainda me sinto sozinho.
Minha prisão continua a mesma, voltei a conversar com ele como se nada tivesse acontecido, ela me fez perguntas e eu fingi estar tudo bem. Mais uma vez tudo volta a ser como antes.
Eu só quero sonhar um pouco, desculpe aqueles que me esperam...

escrevi às 14:00

segunda-feira, janeiro 27, 2003

"Deus porque me dotou de verdadeiro amor pela música mas tem me negado o talento para realizá-la?! Me negou o dom, mas concedeu-me a capacidade de reconhecê-lo na obra do jovem Amadeus...se ao menos eu me sentisse melhor que ele..."

passagem vagamente retirada do filme "Amadeus" de Milos Forman e montada de forma aleatória.

escrevi às 14:32

Alguém me salva?!
Por favor, eu peço que alguém me salve de minha inveja.
Eu tenho muita, mas muita inveja de todos... com seus rostos e corpos perfeitos, companheiros, amigos atenciosos, inteligência sempre superior a minha, abastados de dinheiro e carinho...felizes. E eu aqui em meio ao lixo que se encontra minha vida. Se ao menos eu fosse REALMENTE o pior dos seres humanos, mesmo que eu tente eu não sou. Frustrado até nisso.
Salieri era um pianista muito famoso até chegar Mozart, reza a lenda que ele amava e odiava Mozart. Salieri sofria com o fato de não ter sido agraciado com a genialidade. Foi um grande compositor, fez óperas, trabalhou muito, mas nunca teve a superioridade de Mozart. Ele discutia com Deus perguntando por que não havia sido presenteado como Mozart Já velho ele foi para um hospício e morreu lá, dizendo que tinha matado Mozart.
Eu sofro da sindrome Salieri(mais uma mania minha, inventar nomes para o que eu sinto) e hoje ela veio mais intensa. Uma inveja que se sente de todos, sem exceção, como se eu fosse muito pior que o mundo inteiro. Eu detesto me sentir assim vulnerável.
Alguém me salva?!
Por favor, alguém me salva dos meus pensamentos caóticos e doentios...
As vezes acho que só preciso de um abraço para se feliz, outras vezes apenas se eu for outra pessoa ou que eu nasça de novo, mas NESSE momento só queria estar morto. Sozinho e calado em meu túmulo, eu me sentiria bem ali sozinho, abraçando os meu joelhos e sorrindo no silencio e na escuridão. Talvez eu já esteja morto e não saiba.
Hoje eu sairei de casa, irei vagar por aí, entre os carros e entre a fumaça, quem sabe encontrar um sentido para a vida contida nas pequenas coisas como estar com as pessoas que eu gosto ou a morte como um cão sujo e sangrento entre a rodas de um carro e o chão. Como eu queria representar menos para as pessoas que mais magôo, essa frase representa algo para mim.
Por favor, alguém me salva de todos do mundo e de mim mesmo.

escrevi às 14:30

domingo, janeiro 26, 2003

"Me dá minha carta..."

Central do Brasil de Walter Salles

escrevi às 00:38

Os dias lá fora mostram-se quentes e extremamente encorajador para aventuras, mas parece que eu insisto em fechar a janela impedindo que a claridade invada minha casa e esquente meu corpo.
Não estou triste, apenas experimento a melancólica sensação de ficar indeciso entre qual polo sentimental tomar: a euforia fugaz ou a depressão segura. Sabe, acho que me sinto até bem nesses dias em que posso esboçar um sorriso ou lágrimas com a mesma desenvoltura. Andando pela casa completamente desleixado, com meias velhas que poderiam ser do meu avô, pijama sujo, bebendo café e distribuindo olhares vagos. Eles não entendem como eu posso mudar de humor tão rápido.
Gostaria de ter alguem para mandar cartas essa tarde, escreveria em minha maquina de escrever (que cisma em acumular poeira), colocaria em um envelope branco e caminharia para o correio, me pego a imaginar os caminhos que a carta percorreria, talvez não tenha nada de poetico nisso(e realmente não há) mas hoje esse pensamento parece condizente. Os dias correriam e eu impaciente pela resposta e o ciclo outra vez recomeçaria.
Chega de devaneios não há ninguém para que eu possa mandar cartas.
Sou solitário demais, me acostumei a esse fato... sofrer, chorar, viver sozinho. Soa falso eu sei, mas é o sentimento que me arrebata e caminha lado a lado com minha infelicidade. No fundo você acostuma a viver assim, em seu próprio mundinho, trancando-se em sua gaiola, respirando apenas pela grades e frestas. Permitindo-se algumas fugas em sonhos inconstantes, mas que sempre trazem ao mesmo ponto de inicio.
Me dá um motivo para viver?! Mesmo que seja um amor , café, cigarro ou até mesmo um prozac.
Ainda espero chegar a carta de ninguém em especial... ela não vem...

escrevi às 00:17

sábado, janeiro 25, 2003

"Eu poderia passar horas contando a você o sofrimento trazido pela guerra, mas só ficaria ainda mais infeliz. Só podemos esperar, com toda a calma possível, que ela acabe. Judeus e cristãos esperam, o mundo inteiro espera, e muitos esperam a morte."

O Diário de Anne Frank - Anne Frank

escrevi às 00:36

Essa solidão que sinto é um sentimento estranho, como se a casa estivesse bem pequena. Passo o tempo todo vagando por todos os comodos, olhando a janela, abrindo os armários, olhando o telefone e implorando para que ele toque, penso em ligar para alguém. Mas quem?!
Deito na cama, encolhido em meus próprios medos, não consigo dormir e o tempo não passa.
Não quero mais romantizar os fatos e ficar imaginando que a vida é um filme, não faz mais sentido. Parece estar dando uma aparência bonita, palatável, maquiada as coisas que sinto para quem quiser ler/ver...só quero dizer que estou mal, muito mal (a cada vez que afirmo tal frase, soa mais falso a mim). Não tenho rumo, não tenho nada que me faça querer levantar e viver.
Talvez tudo isso seja fruto de algo que eu mesmo criei, de um maldito personagem que fiz e está me consumindo, talvez eu esteja mentindo apenas para receber atenção.
Fica cada vez mais dificil escrever.

escrevi às 00:07

quinta-feira, janeiro 23, 2003

"Quando a gente anda sempre para frente, não pode mesmo ir longe..."

"- Por favor... cativa-me! disse ela
- Bem quisera, disse o principezinho, mas eu não tenho muito tempo. Tenho amigos a descobrir e muitas coisas a conhecer.
- A gente só conhece bem as coisas que cativou, disse a raposa. Os homens não têm mais tempo de conhecer coisa alguma. Compram tudo prontinho nas lojas. Mas não existem loja de amigos, os homens não têm mais amigos. Se tu queres um amigo, cativa-me!"


O Pequeno Príncipe - Antoine de Saint-Exupéry

escrevi às 23:47

O dia está tão quente lá fora.
Gostaria de sair e dar uma volta, pensei em ir a qualquer lugar, mas parece que a empolgação súbita desaparece rápido demais.
Ontem eu saí, passei horas vagando pelas ruas, parado, pensando, chutando pedrinhas. Preciso dessas fugas ou morro sufocado.
Quando voltei já estavam todos dormindo e acho que foi por isso que saí de casa tão tarde.
Depois de pensar mais e mais, depois da vontade de quebrar toda a casa, eu chorei e permaneci um longo tempo no chão, soluçando de tanto chorar. Fazia muito tempo que não chorava assim... desabou tudo e eu estava ali caído, jogado e tinha uma imensa vontade de gritar, mas era tarde e não queria acordar ninguém. Ou talvez queria que ELES tivessem acordado e me vissem, que me carregassem no colo e me colocassem na cama, dizendo: "Durma com os anjos e sonhe com papai do céu..." exatamente como me lembro.
Mas ninguém veio.
Chega uma hora que você já chorou tanto, que não tem mais nada para colocar para fora, não tem mais lágrimas e se sente um perfeito idiota, tão idiota que para de chorar...eu sou um idiota. Caminhei sozinho para a cama, fechei os olhos e ninguém beijou minha testa, era o mesmo final de tantas outras madrugadas.
O tempo vai seguindo sem grande novidade e eu ainda estou vendo a vida pela mesma janela com grades.

escrevi às 23:44

terça-feira, janeiro 21, 2003

"- Eu também volto hoje para casa...
Depois, com melancolia, ele disse:
- É bem mais longe... bem mais difícil...
Eu percebia claramente que algo de extraordinário se passava. Apertava-o nos braços como se fosse uma criancinha; mas tinha a impressão de que ele ia deslizando verticalmente no abismo, sem que eu nada pudesse fazer para detê-lo...
Seu olhar estava sério, perdido ao longe:
- Tenho o teu carneiro. E a caixa para o carneiro. E a mordaça...
Ele sorriu com tristeza."


O Pequeno Príncipe - Antoine de Saint-Exupéry

Observação: Foi a citação mais dificil que já fiz, gostaria de colocar o livro inteiro, pois sempre vai fazer muito sentido para mim.

escrevi às 02:56

Mais uma vez me sinto no fundo do poço...
Parece que cada dia eu aprendo um novo jeito de me sabotar e me trair.
Ele não conversa comigo e eu não faço mais questão de conversar com ele. Estamos bem assim.
Olhando o teto mais uma vez, dormir sem sonhar, acordar, ligar para alguém.
Gosto de conversar com ela, ela me entende, é bem estranho sempre quando eu digo algo para ela, as palavras e os conselhos são como se fossem para mim e vice-versa. Hoje foi minha vez de falar, temos uma deficiência amorosa incrível, no fundo porque não há amor próprio.
Permaneci um tempo falando e falando, as vezes canso de escutar, ela sabe que eu tenho razão (mas como eu posso dar conselhos sobre algo que eu não faço?!) e eu sei que tenho, mas não mudo e isso me desespera.
Desliguei o telefone e tentei chorar, meus olhos ficaram úmidos mas as lágrima insistem em não cair. Eu fico desesperado para chorar, tudo vem a tona e eu não faço questão de esquecer velhos problemas.
Levantei e caminhei até o banheiro, peguei a gilete e cortei o meu braço e fiz vários cortes em meu peito, não foi a primeira vez e nem será a ultima, deitei na cama ainda tremendo e fiquei olhando o sangue. Meu coração batia forte e eu já não pensava em mais nada.
Tomei banho, escolhi a máscara de hoje e quando eles chegaram não acharam nada de estranho.
Mas eu ainda estava sangrando...

escrevi às 02:54

segunda-feira, janeiro 20, 2003

"Apenas fale com ela"

passagem retirada do filme Fale com Ela de Pedro Almodovar

escrevi às 00:40

domingo, janeiro 19, 2003

"Ainda ouvia os passos se afastando e ficou a indagar de quem seriam. Pareciam-lhe familiares. Ah, claro, ele os conhecia bem, assim como conhecia as mãos que o tinham virado... "Eram as minhas", disse. Em 17 de março, na estrada perto de Brezftoht... Por um instante perdeu a consciência, depois voltou a ouvir os passos e voltou a pensar que eram os seus, que era ele e ninguém mais quem fugia assim, deixando para trás, estendido no caminho, seus próprio cadáver que acabava de matar"

Abril Despedaçado - Ismail Kadaré

escrevi às 23:50

Sou um farrapo humano.
Dias e mais dias ruins. Hoje não foi exceção a regra, parece que tenho poder de fazer as coisas de modo sempre errado.
Uma amiga veio a minha casa para depois irmos a um show. Certo, tudo perfeitamente bem, eu levemente euforico. Chegando lá ao cumprimentar alguns conhecidos, eu a vi. Como simples olhares podem acabar com o dia? Justamente olhos lindos como aqueles. Nada pude fazer a não ser perder a minha máscara alegre e andar pelos cantos dos local não querendo encontrar-la. Mesmo não querendo olhar nos olhos dela, eu queria estar ao seu lado, receber atenção.
Tranquei minha prisão e permaneci o tempo todo lá, distribuindo meios sorrisos e com uma vontade enorme de morrer. É estranho como quando um problema vem, os outros também vem a tona.
Juro que tentei chegar perto dela, gosto tanto de observa-la com aquela sensação de querer que a pessoa fique longe de você, mas ao mesmo tempor querer que ela fique perto.
Não sei lidar comigo mesmo, não sei lidar com nada que diz respeito a mim. Houve um momento que nos encontramos e não havia nada que pudesse fazer, a não ser dizer um lacônico: "Oi" e ela como que em um susto responder: "Oi". Não preciso afirmar como isso me deixa melhor. Só precisava de uma arma ali para completar a decadência.
Fiquei imaginando se tivesse a coragem de pular em seus pés, gritando: "Eu imploro por um pouco de seu amor", confesso que pensei e fiquei tentado a fazer. Mas será que vale a pena?
A tarde passa e permanece tudo igual.
Passa os dias e eu ainda sou o mesmo, fraco e covarde demais, para viver ou sorrir...

escrevi às 23:49

sábado, janeiro 18, 2003

"A tragédia terminou. E que estranha razão leva este homem a avançar no tempo, depois do último ato? Por um simples motivo: como Jó, personagem bíblico, sou um sobrevivente do naufrágio"

Moby Dick - Herman Melville

escrevi às 00:13

Alguém aí importa se eu disser que o suícidio para mim parece uma saída?! Não entendo realmente, esse medo das pessoas quando o assunto é suícidio. Sim, pensei em suícidio, e no fim isso me faz muito bem. Me faz bem saber que sou eu o senhor da minha vida e que posso tira-la quando quiser. Atitudes egoistas são o meu forte, confesso que se tivesse uma arma não pensaria duas vezes.
Eu sei que isso ofende o senso humanista e cristão das pessoas que eu pretensiosamente acho que leiam o que escrevo. Mas não me importo mais... não é desespero o que eu sinto agora, é só a sensação sublime que nada vai mudar. E nunca muda mesmo...
Não muda porque eu não quero, já disse várias vezes, sou um covarde. Parece que a mudança acabará com minhas crenças, assumir a possibilidade de que algo possa mudar e que eu possa ter o minimo de felicidade me assusta. Me assusta porque mostra o quanto os meus ideais são deturpados e tolos.
Quantas horas de sono, quantos cigarros são precisos para que eu possa me acalmar. Talvez eu me corte, talvez eu beba café, talvez de murros contra a parede, talvez eu me me mate, talvez...
Várias pessoas vão dizer que: "Ele nunca fará isso, porque quem fala nunca faz..." vamos ver, as vezes eu me sinto muito perto, como hoje. É tudo uma questão de sorte, hoje não foi o dia.
Quem sabe amanhã?

escrevi às 00:09

sexta-feira, janeiro 17, 2003

" A mulher do médico levantou-se e foi à janela. Olhou para baixo, para a rua coberta de lixo, para as pessoas que gritavam e cantavam. Depois levantou a cabeça para o céu e viu-o todo branco, Chegou minha vez, pensou. O medo súbito fê-la baixar os olhos. A cidade ainda ali estava."

Ensaio Sobre a Cegueira - José Saramago

escrevi às 00:45

Eu detesto ser humilhado, me senti assim hoje.
Fui magoado por alguém que gosto muito, parece que a cada dia que passa ele sente mais prazer em me humilhar. Eu não revidei, fiquei calado, queria que ele pedisse desculpas. Nunca acontece.
Mais brigas, deixei que falasse sozinha, gritou comigo.
Pude deixar algumas lágrimas caírem...
Ouvi umas verdades ao telefone, e sobre isso eu digo, acho que não quero mudar... porque nada muda, é simples assim.
Sei que vivo em um mundo de sonhos, esperando sentado que algo vá melhorar, gostaria realmente que a mudança chegasse ao menos para você. A decadência faz parte da minha vida e me acostumei com isso e os problemas não estão nos outros ou nas coisas, estão aqui dentro.
A felicidade não existe, ao menos para pessoas como nós...
Eu guardo minha dor, esperando que ela vire ódio e possa explodir, espalhando estilhaços para todo lado.

escrevi às 00:09

quarta-feira, janeiro 15, 2003

Hoje recebi um abraço, foi o mais terno, o mais forte que já recebi.
Conversavamos sobre a nossa deficiência em sermos felizes e o quanto temos afastado as pessoas que gostam realmente de nós. Ao ouvir um dos meus lamentos ela me abraçou e ficamos muitos minutos ali, parados, quietos. Eu não consegui chorar.
O dia passou sem tantas novidades e eu quase pude me sentir bem.
É verdade que fiz alguém chorar, por algo que eu jurei nunca fazer. Muitos dirão que eu não tenho culpa, mas porque eu não me sinto assim?! Me oferecem amor e eu sempre viro o rosto porque é mais fácil, tive a chance de mudar e não o fiz.
Não quero ser um solitário, eu só quero ficar sozinho...

escrevi às 18:24

"- Você já conheceu o amor? - Perguntou o velho.
- ... - Tonho nada disse.
- Então você nunca vai conhecer! - afirmou o velho. "

"-Está vendo aquele relógio.. - disse o velho - Cada vez que ele marca mais um, mais um, mais um, para você será: menos um, menos um, menos um..."


partes transcritas do filme Abril Despedaçado de Walter Salles

escrevi às 00:04

terça-feira, janeiro 14, 2003

"- Oh! Jake - disse Brett.- Poderíamos ter sido tão felizes junto!
Diante de nós, um polícial em uniforme cáqui, a cavalo, dirigia o tráfego. Ergueu o bastão. O carro diminuiu a marcha, bruscamente, atirando Brett de encontro a mim.
- Sim - disse eu. - É sempre agradável pensar nisso."


O Sol Também Se Levanta - Ernest Hemingway

escrevi às 00:28

As verdades me assustam.
Por isso sempre me rodeio de mentiras e falsa expectativas, parecer ser mais fácil de lidar assim.
Doi saber que eu não sou nada daquilo que almejei ser.
Não sou um gênio, não sou o melhor em nada, não sou engraçado, não tenho a sociabilidade de outrora, não estou rodeado de amigos, não sou feliz. Sou só um retrato pálido de meu passado.
É tão doloroso assumir-se como mais um dos bilhões de seres humanos que existem no mundo. Mais um na multidão que sofre e que não quer ser mais um. Quero acreditar que sou único.
Quantas pessoas sofrem agora? Quantas pessoas irão sofrer? Quantas choram? Quantas amam? Quantas pensam nisso que estou pensando?
Sou um ser humano e preciso ser amado como qualquer outro, tenho tanto a doar as pessoas, mas no fundo parece que ninguém nunca esteve disposto a aceitar.
Hoje ainda é terça-feira...

escrevi às 00:11

segunda-feira, janeiro 13, 2003

A Incrível Decadência Humana Produções apresenta:

"Festival da Inconstância Emocional"

Dia 13 de Janeiro

Sessões:
6:00 - "O Poder e a Glória"
13:10 - "Tardes Felizes"
19:00 - "...e foi o início do fim"
23:10 - "As coisas nunca mudam mesmo"
00:00 - Encerramento com um fantástico coquetel de café, cigarro e muita depressão.

NÃO PERCA!
Em um apartamento perto de você...

escrevi às 23:33

domingo, janeiro 12, 2003

Gostaria de ter coragem de ligar, ao menos para ouvir sua voz do outro lado, impaciente, nervosa porque alguém fez com que perca um tempo precioso de sua vida.O que me dá mais medo, é a chance de ser correspondido, mesmo que pareça impossivel tal felicidade. Tão impossivel que me permito desistir antes de tentar.
Não poder ser feliz ao lado dela é a coisa que mais me assusta. Não poder sorrir quando ela estiver dormindo ao meu lado, como sua respiração tão profunda e casta das crianças. Não poder me sentir euforico a cada sorriso retribuido. Talvez não mude e eu continue cego demais para ver como os dias são completos ao seu lado. Meu desepero resume-se a ineficiência que tenho de amar e deixar ser amado.
Repousa na cama, encolhida em meu peito, os tristes dias de minha esperança. Você diz: "o café esfria na mesa" e eu me sinto quase feliz ao ouvir sua voz. Já não sinto o gosto amargo de outrora, apenas ela entende quando digo que aquilo me basta.
Fecho meus olhos e posso sentir seu olhar sobre mim. Quando vejo seu rosto em minhas lembranças, não sinto odio e se ainda choro, é porque as lágrimas são as únicas coisas que posso dedicar a você.

escrevi às 01:52

sábado, janeiro 11, 2003

Mais um dia sem dormir.
Tenho tido medo de dormir, sensação estranha, parece que estou guardando minhas horas de sono para quando precisar "conviver" com as pessoas.
Discussão inútil já no café da manhã, adivinha quem foi o causador?! Bingo... como eu posso ser tão imaturo a ponto de fazer as coisas que eu faço? O pior de tudo é que são eles que me pedem desculpas, são eles que entendem o que eu estou passando, são eles que precisam de tanto carinho quanto eu.
Abri a janela e contemplei o dia lá fora, dia bonito e ensolarado. Respirei a fumaça e fiquei pensando que seria um bom dia para sair e tentar, ao menos tentar achar um motivo plausível para sofrer. Deitei na cama e fiquei olhando uma das coisas mais bonitas que já vi, a poeira bailando entre os raios do sol. Batia no travesseiro e a poeira espalhava. Permaneci um longo tempo ali, vendo o pó indo em todas direções. São fatos desse tipo que comprovam que eu não sou muito normal.
Várias pessoas me ligaram, no fundo eu não queria atender. Quanto mais eu fico preso aqui, mais parece difícil sair. Consegui dormir, não sonhei, foi apenas um corte abrupto no meu dia. Quando abri os olhos só havia a luz repentina dos relâmpagos lá fora. Prefiro dias assim ao menos é uma desculpa para ficar em casa.
Atualmente consegui tantas coisas que queria, coisas que almejei por tanto tempo, mas TUDO parace estar tão vazio,superficial, sem sentido e direção. No fundo sei que reclamo demais, tenho tudo(ou ao menos penso isso), só gostaria de me sentir completo algumas vezes.
Espero os dias de euforia impacientemente...

escrevi às 01:33

sexta-feira, janeiro 10, 2003

Não foi dessa vez.
Não foi hoje que a euforia chegou e eu não pude dançar nas sozinho nas ruas, como em um musical de Hollywood. Alias eu tenho uma péssima mania de imaginar minha vida como um filme. Mas ao contrário do musical, meu cotidiano lembra mais película alternativa: espanhola ou americana, em que o pessimismo sempre reina no final.
Dia quente, o sol brilhava e eu caminhando com meu típico mau humor por entre as pessoas. Fiquei imaginando como seria se eu começasse a dançar ali mesmo, com uma música originada da minha melancolia. Todos da rua: os vendedores, os transeuntes, os motoristas, os policiais começassem a dançar acompanhando meus passos, originados de uma amálgama de sapateado com dança moderna.
Todos sabiam dançar sem exceção, como em um passe de mágica. E eu rodava, passava pelos carros e sapateava em cima deles. Me jogava de lá, onde uma dezena de pessoas me segurariam e me colocariam de volta ao chão.
Até o final apoteotico onde todos cantavam, todos estupidamente felizes a camera ia rodando... rodando, rodando.. subindo mais e mais.
....
O ônibus chegava naquela hora e eu achei o sonho estupido demais para leva-lo em frente.
Mas no fim ainda resta aquela esperança de uma música tocar e repentinamente todos aprenderem a dançar e cantar, até alguém como eu...

escrevi às 02:39

quinta-feira, janeiro 09, 2003

Seria um dia qualquer, mas a auto-depreciação me atacou de tal forma, que ou eu saia de casa ou morreria ali mesmo de tanto tédio e apatia.
Sai bem cedo de casa, não durmo direito a um bom tempo. Vaguei por todo o bairro, típico programa decadente que eu insisto em arrumar para fazer. No fundo não fez diferença para mim o tal passeio, fui as mesmas ruas e vi as mesmas coisas. Voltei para casa o mais rápido que pude, queria dormir um pouco. Não consegui, tive que ir pagar contas...
Não sei o que estava acontecendo, mas parecia que todos olhavam para mim, seja no ônibus ou nas ruas, sem exceção. Estava a tanto dias enclausurado em casa que me esqueci como me sinto estranho em meio a tantas pessoas. Fiz o que tinha de fazer e resolvi rumar para o cinema, talvez uma das únicas coisas que me fazem bem quando estou em dias assim.
Assisti "Fale com Ela" do Pedro Almodovar, belíssimo filme, só posso dizer que chorei e chorei muito... coisa tola para fazer, eu sei, mas as lágrimas correram. Gostaria de amar como as personagens, amor desmedido,inabalável e casto. Saí de lá um tanto abalado, tremendo ainda e a única coisa que me permiti fazer foi respirar fumaça e caminhar para a casa de um colega que mora perto dali.
Bem interessante essa pessoa, estudamos juntos(em um dos vários colégios que já passei), estranho, engraçado e sempre festejamos a nossa eterna decadência. Assistimos filmes e conversamos, nada muito profundo, "fingir" ser normal de vez em quando parece ser saudável a minha pessoa.
Dormirei aqui, faz bem mudar de ares. Ainda mais quando ELE esta ao meu lado contando piadas e impaciente para mexer no PC (que é dele).
Os dias de euforia chegarão e espero que não dure pouco.

escrevi às 02:41

quarta-feira, janeiro 08, 2003

SOLITÁRIO
Augusto dos Anjos

Como um fantasma que se refugia
Na solidão da natureza morta,
Por trás dos ermos túmulos, um dia,
Eu fui refugiar-me à tua porta!

Fazia frio e o frio que fazia
Não era esse que a carne nos conforta...
Cortava assim como em carniçaria
O aço das facas incisivas corta!

Mas tu não vieste ver minha Desgraça!
E eu saí, como quem tudo repele,
- Velho caixão a carregar destroços -

Levando apenas na tumbal carcaça
O pergaminho singular da pele
E o chocalho fatídico dos ossos!

escrevi às 04:28

Eu não aguento essa indiferença...
fala que você nunca vai gostar de mim...
fala que eu sou fracassado demais para você...
fala que sou um idiota em ter esperança...
fala que eu sou um nada...
Mas fala pelo amor de deus FALA!!!
...
Esse seu maldito silêncio que me mata. E se ainda posso te pedir algo, que seja: não faça isso aos poucos.

escrevi às 03:50

terça-feira, janeiro 07, 2003

Dias vazios esses dias em que vivo...
Há muita chuva lá fora, o céu cinza, as árvores mais verdes e as pessoas mais tristes. Não sou exceção a regra, mas quem dera fosse apenas em dias assim que eu ficasse depressivo, com uma vontade interminável de dormir para sempre e acordar apenas quando acharem a fórmula para a felicidade.
Ando pela casa toda, por todos os cômodos(não acho nada), abro todos os armários e todas as gavetas(não acho nada), ligo a TV(não acho nada), ligo o computador(não acho nada), abro a cortina, depois a janela e também não acho nada... não encontro nada que me faça sentir bem em dias assim.
Faz quase 5 dias que não saio de casa. Passarinho na gaiola que não sabe mais voar, presidiário recém liberto que não sabe o que faz com a liberdade conquistada, água parada apodrecendo no chão, inseto morto no casulo ... é assim que me sinto. Sei que alguém deve perguntar-se: "Então porque não sai de casa?!", gostaria de saber responder essa também. Acho que é mais fácil assim, esconder de todos(até de mim mesmo), evitar o contato para evitar o sofrimento. Sim, eu sou um covarde, sou um maldito covarde que tem medo até do que sente. Medo de demonstrar amor, ódio, dor, euforia, carência. Medo de não ter amor e de não conseguir demonstra-lo . Medo de falar a verdade e de mentir quando é preciso. COVARDE!!! COVARDE!!! Nada mais nada menos.
Olhar o teto tem sido uma das minhas atividades prediletas, as vezes me permito olhar a parede também. Eu liguei para uma amiga, talvez minha melhor amiga(na verdade eu não tenho amigos, mas ela é o que seria o mais próximo disso), ela voltava para casa e iria vomitar(é bulimica), não sei porque mas permaneci na linha enquanto ela fazia isso, acho que pela primeira vez eu entendi a dor que sentia, me senti realmente intimo dela. Não vou negar fiquei mal, somos muitos parecidos(sendo muito diferentes), me vi projetado nela... fiquei pensando se tudo o que ela precisava não era um abraço, me senti mais mal. Ela é uma das pessoas mais bonitas que eu conheço, em todos os sentidos, tão bela na aparência quanto em sentimentos. Mas não se sente assim...
Conversamos durante um longo tempo, ela me disse as coisas mais bonitas que alguém pode dizer para outro amigo. Em meio aos nossos risos(sim, eu também me permito isso as vezes), e auto-depreciação(que encaramos com uma fina ironia que só quem sente e se acha tolo o bastante consegue ter), ela me disse que a vida dela não seria a mesma se eu não estivesse presente, que nada seria como é, se não fosse eu. Teria chorado se ainda me restassem lágrimas.
Gostaria de acreditar no que disse e de me sentir assim. Gostaria tanto, tanto, de ajuda-la, mas não posso fazer isso nem por mim mesmo. "Parece que a culpa é maior do que a tristeza que você parece sentir", eu teria dito isso a mim mesmo se não estivesse cego demais, mas ela o fez por mim.
Dias vazios esses dias em que vivo...

escrevi às 21:10

segunda-feira, janeiro 06, 2003

Esse é só mais um diário como tantos outros...
Só mais um lamento como tantos mais...
Me sinto um tolo em saber que há uma possibilidade mesmo que remota que alguém leia o que escrevo, o que penso... sinto medo de pensar que as pessoas podem saber o que eu sinto, como eu vejo as coisas de modo tão deturpado e pessimista, por isso tentarei ser só mais um anônimo.
Não serão mensagens bonitas, nem coisas engraçadas, serão lamentos porque é apenas isso que sei escrever.
Meus dias não tem sido bons, permanecer horas na cama apenas olhando para a parede, dormir a manhã toda para evitar a convivência com os outros, dormir mal, comer mal, viver mal...
Tenho magoado muitas pessoas que gosto, as vezes sem motivo nenhum, apenas porque quero mante-las afastadas. Isso me faz mais mal do que parecia antigamente, quantas vezes eu disse que queria ficar sozinho e no fundo não queria, só estava com medo de conviver.
Ela me ligou hoje. Pediu que eu ligasse mais tarde, eu liguei e ocorreu como sempre acontece aquele silêncio constrangedor de ambas as partes, queria ter dito tantas coisas, mas só pude dizer "o que eu tinha para ser dito, já foi falado...". Desliguei o telefone e permaneci um bom tempo ali, em uma fantasia tola que ela me ligasse de volta e dissesse "Eu amo você". Ela não o fez, eu também não liguei(no fundo fingi não ligar). Caminhei para o quarto e permaneci horas lá, olhando o teto, tentando ler... me sinto aqueles maldito adolescentes que passam em filmes: problematicos e aborrecidos mesmo tendo tudo, no fundo é uma verdade, mas a mim, meus problemas parecem estar sempre transvestidos de tragédia, filosofia vã e barata, dramaticidade...e depois eu me sinto mais tolo.
Daqui a poucos meses eu faço anos, para mim parece tanto tempo, para outros é muito pouco... mas estou cansado, vazio, triste...e ao que me parece isso não é novidade para ninguém.
Bem vindo a decadência humana...

escrevi às 05:14