>>>A Incrível Decadência Humana<<<



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sexta-feira, dezembro 17, 2010

eu vi todas as nostalgias
afogadas no branco da minha pupila.
era como Borges,
carregava fantasmas nos olhos.
ano a ano
a escuridão vai incessantemente
me apagando
e as vezes rezo
para que não exista mais nada
que eu ainda possa ver.

escrevi às 17:00

quarta-feira, dezembro 15, 2010

num esforço para que as pessoas

olhem mais nos olhos umas das outras,
e também para satisfazer os mudos,
o governo decidiu determinar
para cada pessoa exatamente cento
e sessenta e sete palavras por dia.

quando toca o telefone, ponho-o ao ouvido
sem dizer alô. no restaurante
aponto para a canja de galinha.

estou me ajustando bem ao novo jeito.
tenho estampas para todas as ocasiões.
cada manhã invento uma nova frase
que imprimo numa camiseta,
como os seres humanos estão vindo
ou karaokê para mudos.

tarde da noite, ligo para meu amor distante,
orgulhoso digo somente gastei cinqüenta e nove hoje.
guardei o resto para você.

quando ela não responde
sei que usou todas as suas palavras
então sussurro lentamente eu amo você
trinta e duas vezes e um terço.
depois disso, ficamos junto à linha
ouvindo um o respirar do outro.



Jeffrey MacDaniel - O Mundo Silencioso

escrevi às 01:43

terça-feira, dezembro 14, 2010

guardo dentro do peito
seu amor frágil e medroso
as vezes ele insiste em querer fugir
mas eu sou mais forte
e o escondo dentro de folhas rabiscadas
ou em pensamentos vagos no ônibus
toda noite para ver se ainda está lá
deixo ele sair
e quando você está dormindo
digo baixinho para ele:
"tenha coragem para sobreviver um pouco mais"

escrevi às 00:40

segunda-feira, dezembro 13, 2010

Acordei assustado, meu nariz estava sangrando e minhas mãos tremendo. Sonhar com você é como reviver infinitas vezes aquele momento, o eterno retorno do mesmo instante.
Não foi a primeira vez e sempre que isso acontece sou tomado pela sensação de que estou perdendo algo muito meu e me sinto tão só sentado na cama, com um fio de sangue corrido em uma das narinas e ninguém para ligar nessa cidade imensa. Talvez você pudesse escutar as promessas tolas que sempre faço de manhã, mesmo que essas promessas não possam ser cumpridas e sejam idiotisses como: "eu prometo não ligar mais", "eu prometo não me desesperar" ou "prometo nunca amar você se isso te fizer infeliz".
Acho que você iria ficar em silêncio, como sempre faz e eu pediria desculpas, com vergonha de ter o dom de sempre dizer a frase errada na hora errada. Conversar com você me dá medo pois ainda espero que em uma hora qualquer você olhe para mim e diga: "estou cansada e não quero mais". Não seria a primeira vez...
 Sei o quão idiota é esperar qualquer sinal, qualquer mensagem cifrada sua porque eu sei que no fundo quero mesmo que diga: "sim, estou pronta e quero que fique aqui essa noite".
Quando será que aprenderei a ser um senhor sem escravos? A cratera bem no centro das entranhas, cresce e devasta tudo no entorno, até só restar o silêncio e o sangue dificultando minha respiração.
 Não há para quem ligar agora.

escrevi às 20:40

segunda-feira, dezembro 06, 2010

"Alguma vez você já se apaixonou? Horrível, não é?  Você fica tão vulnerável. Seu peito se abre, seu coração se abre e isso significa que alguém pode entrar em você e bagunçar tudo. Você ergue todas essas defesas, você constrói uma armadura durante anos, de modo que nada possa te machucar, então uma pessoa estúpida, nada diferente de qualquer outra pessoa estúpida, entra em sua vida estúpida... você dá a eles um pedaço de você. Eles não pediram por isso. Eles fizeram alguma coisa de estúpido um dia, como beijar você ou sorrir para você, e então sua vida já não lhe pertence mais. O amor faz reféns. Ele fica dentro de você. Ele devora você e te deixa chorando na escuridão, então uma simples frase como 'talvez devessemos ser apenas amigos' se transforma em estilhaços de vidro rasgando o caminho em seu coração. Isso dói. Não apenas na imaginação. Não apenas na mente. É uma alma ferida, uma verdadeira dor-dentro-de-você-que-te-rasga-para-além-da-dor. Eu odeio o amor."

Neil Gaiman

escrevi às 02:34

sexta-feira, dezembro 03, 2010

nenhuma palavra
ou frase
só o cansaço de olhar o teto
falta pouco para que amanheça
e o seu cheiro em minha cama
não me deixa dormir
logo a claridade
atravessa as cortinas
e terei que sair de casa
com minhas olheiras fundas
irei agredir
o comerciante abrindo sua loja
os velhinhos comprando pão
o trocador do ônibus
mas nenhum deles irá entender
por que diabos
eu estou sorrindo

escrevi às 05:10

"Entrarei silencioso no quarto de dormir e me deitarei
entre noivo e noiva,
esses corpos caídos do céu esperando nus em sobressalto,
braços pousados sobre os olhos na escuridão,
afundarei minha cara em seus ombros e seios, respirarei tua pele
e acariciarei e beijarei a nuca e a boca e mostrarei seu traseiro,
pernas erguidas e dobradas para receber,
caralho atormentado na escuridão, atacando,
levantado do buraco até a cabeça pulsante,
corpos entrelaçados nus e trémulos,
coxas quentes e nádegas enfiadas uma na outra
e os olhos, olhos cintilando encantadores,
abrindo-se em olhares e abandono,
e os gemidos do movimento, vozes, mãos no ar, mãos entre as coxas,
mãos, na humidade de macios quadris, palpitante contracção de ventres
até que o branco venha jorrar no turbilhão dos lençóis
e a noiva grite pedindo perdão
e o noivo se cubra de lágrimas de paixão e compaixão
e eu me erga da cama saciado de últimos gestos íntimos
e beijos de adeus –
tudo isso antes que a mente desperte,
atrás das cortinas e portas fechadas da casa escurecida
cujos habitantes perambulam insatisfeitos pela noite,
fantasmas desnudos buscando-se no silêncio. "
 
 Poema de amor sobre um tema de Whitman - Allen Ginsberg

escrevi às 02:13