algumas memórias são afiadas como quinas parecem mais destinadas a nos fazer esbarrar quando distraímos delas e abrimos gavetas andamos em uma rua qualquer ou sentamos em um café um inventário inteiro de dedos sem unhas escrevi às 17:20
quinta-feira, fevereiro 21, 2019
poema para meus 33 anos
dizem que as crianças
sempre creem ser a reencarnação
de cristo
mas diferente dele
achei
que
já estaria morto bem antes
e não teria magoado
tantas pessoas
notando só agora
que as marcas e furos no meu pulso
foram eu mesmo que fiz
também achei que seria um poeta
melhor
que teria conseguido grandes feitos
mas não tive filhos e os poucos amores
agora doem
como a dor nas juntas que começo a ter
mancando enquanto volto para casa
hoje
faço 33 anos
as mensagens de felicidade
não cessam de chegar
mas
incessantemente
a morte vai
me apagando escrevi às 23:36
sexta-feira, setembro 14, 2018
para L.,
ela diz
como se não fosse nada
com os olhos baixos e a voz grave na mesa do café
"você nunca me escreveu poemas"
como se a literatura não fosse cheia de mulheres
que nunca tiveram
poemas
cartas
e talvez nem mesmo amores
no entanto
e apesar dessa enorme falta
é com você que durmo
escrevi às 12:32
domingo, agosto 13, 2017
8760 horas desde que entrou por essa porta e deitou ao meu lado
eu gozei dentro de você e falei repetidas vezes que te amava
como nunca tinha dito
como se não fosse nunca mais ter outra oportunidade
como se fosse verdade
era dia dos pais
e você disse que pensou em ter um filho comigo
que assim talvez eu te assumisse
isso dói tanto
tanto quanto ficou claro pelos seus olhos que havia acabado
mas mesmo assim afirmei que queria casar com você
(eu não estava mentindo)
enquanto agarrava a suas pernas no corredor do prédio para que não fosse embora tão patético amar alguém que se magoou tão profundamente
e quando já é tarde demais você teve sua despedida
escrevi às 17:42
sexta-feira, junho 02, 2017
faz um ano desde que eu quis morrer a partir de então tenho tentado salvar minha única vida ou talvez apenas os delicados foram feitos para partir sem alarde e surpresa
escrevi às 16:16
terça-feira, março 21, 2017
todos os dias eu espero você voltar
abro o jornal
e leio o horóscopo
(que eu nunca acreditei)
as vezes ouço passos lá fora
e penso
"é ela"
mas você nunca adentra a porta
apesar de ter ficado com minhas chaves
será que hoje você vem
ou só quando eu não tiver mais esperança
quando não for mais necessário
então eu finjo que acabou
e que não tenho mais fé
eu sei que isso nunca vai acontecer
eu sei
mesmo assim peço para que minha vó
leia nas cartas o meu futuro
dá para ver nos olhos
que ela está mentindo
quando diz que você vai voltar
que está destinado a acontecer
eu quero tanto acreditar nisso
que você virá essa tarde
ou então nessa noite
talvez na madrugada que já precipita
e eu passei em claro
e tão logo você deitará ao meu lado
e ficará em silêncio
me olhando chorar
como no tempo em que me amou
mas já é dia
e eu estou cansado
escrevi às 06:46
sexta-feira, março 10, 2017
hoje
eu vi você
do outro lado da rua
o seu cachorro
mancava
como o amor
essa imagem idiota
e sua presença tão perto da minha casa
irão me assombrar por muito tempo
não há um dia sequer em que eu não pense nesses fantasmas
então por qual razão estou tão assustado
quando é justamente isso que desejo?
escrevi às 16:33
segunda-feira, fevereiro 27, 2017
Os fantasmas...
sempre os mesmos fantasmas
aguardando nas mesmas esquinas
(há algo de trágico e banal em fugir do destino para consuma-lo) escrevi às 11:34
terça-feira, novembro 22, 2016
se sentir velho e patético
por implorar por amor
e atenção
por inventar doenças
para poder voltar para casa
e dormir
e mesmo com o rosto cheio
de lágrimas e ranho
dizer quase sorrindo
"não é nada
é só um dia que deu errado"
e eu não estou mentindo
escrevi às 01:11
sábado, novembro 12, 2016
voltando para casa, converso sozinho e distraído. sempre penso em você olhando o pedaço do céu e os prédios velhos do centro, são sempre as mesmas conversas repetidas e repetidas vezes como memórias involuntárias do seu corpo e dos meus erros.
demoro até perceber que do outro lado da rua seus pais sorriem e acenam para mim. eu estou tão assustado que meu braço fica como uma bandeira a meio mastro, acena pela metade. a cena nunca se fecha e não sei bem o que pensei me sentindo tão acuado como um animalzinho de merda, mas agora parece claro como um filme sua voz dizendo ao fundo "todos em minha vida te odeiam".
então desço a rua envergonhado e surpreso sem nem ao menos olhar para trás.
sei que não se trata de culpar alguém
mas eu ainda me sinto o vilão da sua vida
(e se em meu quarto eu choro condescendentemente, molhando o travesseiro e distorcendo meu rosto é porque ainda não aprendi as coordenadas dessa nova vida)
escrevi às 01:00
segunda-feira, outubro 31, 2016
"Será que você seria capaz de se esquecer de mim, e, assim mesmo,depois e depois, sem saber, sem querer, continuar gostando?"
Guimarães Rosa - Nenhum, nenhuma escrevi às 16:27
sexta-feira, setembro 30, 2016
“elas vem diferentes e iguais com todas é diferente e é igual com todas a ausência de amor é diferente com todas a ausência de amor é igual”
Samuel Beckett (1937) escrevi às 11:29
terça-feira, setembro 20, 2016
eu sonho com você
de novo
seguimos para a mesma direção com vergonha de nos darmos as mãos
e os outros vejam que estamos juntos
talvez seja óbvio o sentido
e a resposta
mas por qual razão eu ainda espero que você volte?
escrevi às 21:50
terça-feira, setembro 06, 2016
"Aprendi a viver com simplicidade, com juízo , a olhar o céu, a fazer minhas orações, a passear sozinha até a noite, até ter esgotado esta angústia inútil."
Anna Akhmatova escrevi às 13:41
segunda-feira, agosto 08, 2016
parece que estou sempre escrevendo as mesmas coisas
mesmas palavras
nas mesmas frases
para as pessoas diferentes
ou talvez para mim mesmo escrevi às 11:14
sexta-feira, agosto 05, 2016
"O que acontece é que, quando estou com você, eu me perdôo por todas as lutas que a vida venceu por pontos, e me esqueço completamente que gente como eu, no fim, acaba saindo mais cedo de bares, de brigas e de amores para não pagar a conta."
Marçal Aquino - Eu Receberia as Piores Notícias dos seus Lindos Lábios escrevi às 16:37
quinta-feira, agosto 04, 2016
voltando para casa
eu chorei de novo
não que redima algo
ou reduza a culpa
mas no longo caminho
converso com você
meu fantasma mais bonito
cheguei mesmo a acreditar
que haveria um belo final
além desse peso no peito
e os sapatos andando sozinho
para o apartamento empoeirado
e agora?
já não pode sonhar
já não pode morrer
inventar novos amores já não consegue
e agora como vai passar essa noite
se não é aquela pessoa que sempre imaginou ser
se não tem ninguém esperando depois das cinzas das horas
você manca
para onde?
escrevi às 22:16
terça-feira, agosto 02, 2016
novamente me sinto um monstro...
sempre se é o vilão da vida de alguém?
não se pode apagar nada
pois o passado sempre está lá
manchando as folhas passadas a limpo. escrevi às 17:26
quinta-feira, julho 14, 2016
hoje quase rezei
e cheguei mesmo a acreditar que deus só estaria dormindo
mas por qual razão ele acordaria por mim? escrevi às 12:29
terça-feira, julho 12, 2016
eu deixo a carta e as flores na sua porta
poderia ser uma metáfora mas não é
é só a coisa idiota que sempre insisto em fazer
esperando que alguma coisa aconteça
para mudar radicalmente minha vida
(mas nada nunca acontece) escrevi às 20:46
segunda-feira, julho 11, 2016
Impressão IV - e.e. cummings
as horas sobem apagando estrelas e é madrugada nas ruas do céu a luz anda espalhando poemas
na terra uma vela é extinta a cidade acorda
com uma canção em sua boca tendo a morte em seus olhos
e é madrugada o mundo continua a assassinar os sonhos. . . .
vejo na rua em que homens fortes cavam pão e eu
vejo os rostos brutais das pessoas contentes horríveis perdidas cruéis felizes
e é dia,
no espelho vejo um homem frágil sonhando sonhos sonhos no espelho
e é crespúsculo na terra
uma vela se acende e é escuro. as pessoas estão em casa o homem frágil está na cama a cidade morre com a morte na boca tendo uma canção nos olhos as horas descem, levando à cena estrelas. . . .
na rua do céu a noite anda espalhando poemas escrevi às 16:21
sexta-feira, julho 08, 2016
"Penso em Si desde o dia em que a vi - um mês? Quando eu era jovem sentia pressa de me dizer, sentia sempre medo de deixar passar a onda que saía de mim e me levava à outra, sentia sempre medo de já não amar, já não saber nada. Mas agora já não sou jovem e aprendi a deixar quase tudo passar - irremediavelmente. Ter tudo para dizer - e não abrir os lábios. Tudo para dar - e não abrir a mão"
Marina Tsvietaieva - Meu Irmão Feminino escrevi às 12:42
quinta-feira, julho 07, 2016
eu guardei a pulseira de triagem do hospital para me lembrar que a vida pode seguir muito bem sem mim...
mas que ainda assim, não obstante e apesar de tudo - de todo o resto e todos os outros - eu tenha coragem de não ceder a destruição do tempo como algo terrível
que eu consiga levantar da cama e caminhar até a porta
descer as escadas
ir comprar o pão pela manhã
escrevi às 18:44
quarta-feira, julho 06, 2016
"Às 3h15, nós não vamos para a cama juntos outra vez, e ela não vai enroscar suas pernas com as minhas e não vamos dormir. E então, pela manhã, ela não vai me dizer "Oi pessoa" e então não vamos passar outro dia, apenas um dia comum e aborrecido. E não vamos ter filhos, e depois não vamos envelhecer juntos. E depois não vamos lembrar juntos nossas vidas porque nem vamos reconhecer um ao outro. Isso é o que vai acontecer às 3h15."
Miranda July - o Futuro escrevi às 16:07
Lembranças esparsas de 2 de julho em meio as luzes brancas e assépticas do hospital:
talvez eu tenha quase morrido para provar a mim mesmo que posso te dar o que você pede.
depois, quando os remédios passam e a vergonha vem, meu melhor amigo me diz como se não fosse nada (como uma piada):
"Você disse assim deitado na maca: 'Maiakóvski escreveu certa vez que há um homem feliz no Brasil... quem seria esse homem? Quem?'" escrevi às 13:45
terça-feira, julho 05, 2016
"O que eu fiz de errado eu carrego comigo. Nada some porque a gente decide, porque a gente quer. Ninguém pode me tirar o mal que eu fiz pros outros. A gente precisa disso pra ser uma pessoa melhor. Perdoar é como fingir que não existe. Mas a vida é resultado do que a gente fez. Não faz sentido agir como se algo não tivesse acontecido...
É por isso que perdoar não faz sentido. Perdoar é uma covardia. O que exige coragem é continuar amando e tendo amizades e fazendo bem pros outros sem fingir que se pode apagar nada, sem perdoar nem aceitar perdão."
Daniel Galera - "Barba ensopada de sangue"
escrevi às 16:38
Quando eles me colocaram na maca do hospital, acho que pensei o quanto era idiota morrer por amor depois de velho.
O fato é que morrer por amor, por idiotice ou por nada não faz a menor diferença...
é só morrer. escrevi às 13:29
sábado, julho 02, 2016
Não se mate - Carlos Drummond de Andrade
Carlos, sossegue, o amor
é isso que você está vendo:
hoje beija, amanhã não beija,
depois de amanhã é domingo
e segunda-feira ninguém sabe
o que será.
Inútil você resistir
ou mesmo suicidar-se.
Não se mate, oh não se mate,
Reserve-se todo para
as bodas que ninguém sabe
quando virão,
se é que virão.
O amor, Carlos, você telúrico,
a noite passou em você,
e os recalques se sublimando,
lá dentro um barulho inefável,
rezas,
vitrolas,
santos que se persignam,
anúncios do melhor sabão,
barulho que ninguém sabe
de quê, praquê.
Entretanto você caminha
melancólico e vertical.
Você é a palmeira, você é o grito
que ninguém ouviu no teatro
e as luzes todas se apagam.
O amor no escuro, não, no claro,
é sempre triste, meu filho, Carlos,
mas não diga nada a ninguém,
ninguém sabe nem saberá.
Não se mate
escrevi às 12:38
segunda-feira, abril 01, 2013
Nessa manhã,
leio
sozinho e em voz alta
poemas de amor
escritos por um velho,
alcoólatra
e desiludido com a vida.
Sua foto de criança,
olhando para a lente
de uma maneira
desafiadora
e pedante
serve como marcador de página.
Bebo meu café e sorrio, a vida às vezes é bonita e sarcástica. escrevi às 10:21
quarta-feira, março 27, 2013
Só tenho de continuar, como se houvesse algo a fazer, algo a começar, algum lugar aonde ir. É estranho pois eu me sinto não-destruído, não-deprimido, não-submetido ao que durante muito tempo aprendi a chamar como "minha vida". Talvez isso tenha sido sempre o problema, o difícil para mim sempre foi o banal "estar bem". Percebo tão claramente que meu apego ao tempo e aos eventos revelam esse desejo de inútil de reviver os momentos como um eterno retorno do mesmo... refaço a TV ligada e o desenho que passava naquela manhã, as vezes que eu chorei, as cartas nas gavetas, os abraços, as despedidas que nunca tive e os fantasmas... os inúmeros fantasmas que ficaram dentro do peito e que agora deixo sair algumas vezes à noite quando todos estão dormindo. Já não posso mais fingir que não sei que durante muito tempo escolhi estar preso, escolhi voltar e olhar para tudo isso com olhar de condescendência e pena. O tempo vai me empurrando para frente como naqueles jogos de plataforma dos videogames que jogávamos e por mais que eu tente voltar já não consigo, já não posso e nem devo. É preciso não esquecer e eu não esqueci. escrevi às 05:58
quinta-feira, fevereiro 21, 2013
"A morte vai, incessantemente, me desgastando" disse Borges já cego, sem poder ver os livros que tanto amava em sua biblioteca. Já eu por me sentir velho e cansado, decidi crescer e salvar minha única vida.
Então, quando volto para casa depois de um dia cheio (de nada, em especial) faço minhas preces silenciosas e choro... um choro que não dói. Sinto uma estranha felicidade pelas pequenas coisas banais.
São momentos bonitos como os dias em que amei você...mas já estou cansado, muito cansado de ter coragem e amor.
escrevi às 03:21
quarta-feira, fevereiro 13, 2013
Não há uma manhã sequer em que eu não pense em escrever todas as cartas de despedida, cartas essas que nem sequer foram escritas e como sabemos cartas nunca conseguem chegar ao seu destinatário.
Então, eu fico olhando as palavras passarem e toda essa sede e mágoa sem saber o que fazer com elas. Eu de fato nunca consigo entender para onde os sentimentos escoam, onde se guarda tudo isso... se a gaveta já está cheia e olha, eu juro, que tenho jogado tanta coisa fora.
Deixei a casa suja, o espelho que não metaforicamente você quebrou (eu prometi que não faria nenhuma metáfora ou análise tola disso) ainda está lá no chão do quarto. Tudo tão vazio e estranhamente bagunçado como se fosse um aviso de que o tempo havia parado quando você saiu pela porta que deixei aberta para você sair.
As pessoas dizem que estou bem e forte, e o pior é que de fato me sinto assim. Não é que não doa, mas eu já estou velho e cansado demais para saber que não foi a primeira e nem será a última vez, que o mundo é grande demais e todos esses clichês que mais parecem saídos de um livro de auto-ajuda (eu mesmo disse isso a você uma vez). Então, por favor, não aja como se não fosse você que escolheu ir embora e aumentar o buraco no meio do seu peito.
Já é hora de arrumar a casa e eu nunca mais escreverei para você. escrevi às 13:36
sábado, fevereiro 09, 2013
"ela sabia o que queria e não era eu. conheço mais mulheres desse tipo do que de qualquer outro."
Charles Bukowski escrevi às 15:18
sexta-feira, fevereiro 08, 2013
A incrível e triste história das pessoas que aprenderam a pedir atenção desperadamente por meio de brigas e ofensas.
Eu nunca sei o que fazer por elas... escrevi às 02:13
quarta-feira, fevereiro 06, 2013
"Você a ama?” – pergunta o rapaz “Estou acostumado a ela...” – responde o esposo. “ Estar acostumado a uma pessoa e viver com ela, também não é amor?” – conclui o amante.
Roleta Chinesa - Rainer Werner Fassbinder
escrevi às 01:21
segunda-feira, fevereiro 13, 2012
"Sempre achei a vida tão pequena, até cuidar da sua respiração..." escrevi às 01:01
segunda-feira, outubro 31, 2011
O que ainda procura por aqui? escrevi às 11:40
sábado, outubro 15, 2011
"está estampado no
olhar: elas foram
tomadas elas foram
enganadas. eu nunca sei o que
fazer por
elas."
Bukowski escrevi às 16:01
quinta-feira, outubro 13, 2011
espero mais que tudo
que em um dia qualquer
ordinário e comum
talvez na praia
quando seus dedos tocarem levemente a água
ou olhando as luzes no teto do seu quarto
sem que você perceba
os blocos de gelo
que por tanto tempo guardou dentro de você
colapsem
e
derretam
quem sabe um dos exploradores ou aventureiros
que com toda certeza irão a sua procura
achem meus ossos
(o tórax quebrado
e arranhado)
na beirada da cratera
onde está o seu peito escrevi às 16:00
quarta-feira, outubro 12, 2011
para deixar você ir
tive que me esconder em livros,
papeis,
citações
e
palavras esquecidas
(um dia, quem sabe, terei coragem para ler todas as cartas que nunca mandei) escrevi às 01:31
terça-feira, outubro 11, 2011
todas as manhãs me olho no espelho e repito a seguinte promessa:
"não faça as coisas que eu fiz." escrevi às 07:46
quando saio para andar sempre me sinto meio idiota por esperar sinais
acontecimentos extraordinários
desses que criamos como quando somos crianças
"se o próximo carro for vermelho então quer dizer que ela gosta de mim"
pena que isso pouco acontece
o carro vermelho não passa
e você nunca aparece na sua janela
mesmo que eu fique horas por lá
olhando a luz que vaza da sua cortina
me sinto tão infantil e perdido
que quando chego em casa
faço como naquela música que você tanto odeia
sofro calado
e sozinho
tomando meu sucrilhos escrevi às 01:12
segunda-feira, outubro 10, 2011
Os filhos que não poderei ter sujam as folhas nas gavetas onde eu os guardei.
Pensar neles e nos planos que criei é algo tão triste como assumir que todos esses afetos irão empalidecer pouco a pouco até que desapareçam.
Nesse dia meus fantasmas também deixarão de emitir suas preces e quem sabe eu possa novamente ter coragem para olhar em seus olhos. Quem sabe nesse dia você diga que sente muito, que estava me esperando e não queria me expulsar da sua vida, que tudo foi um teste e eu havia passado.
Pena isso só existir em mim e nas histórias que sempre crio para suportar o fato que ainda estou do lado de fora da sua porta esperando você abrir. escrevi às 00:33
sábado, outubro 08, 2011
Quando eu era criança vi um filme ruim sobre o Ernest Hemingway (mas que me impressionou muito), no final do filme uma das mulheres que Hemingway amou ia encontra-lo em sua cabana e eles tem uma rápida e banal conversa. Ela vai embora enquanto ele fica parado, vendo a mulher partir. A voz já velha da mulher narra que passaria a vida inteira pensando no que teria acontecido se ele tivesse pedido para que ela ficasse. Acho que ela fala de coragem...
Isso me chocou tanto e por tanto anos que não consigo não lembrar de Hemingway agora: "Se duas pessoas se amam , não pode haver final feliz." e dói escrevi às 23:33
sexta-feira, outubro 07, 2011
"A única maneira de conhecer uma pessoa é ama-la sem esperança"
Walter Benjamin
escrevi às 21:02
quarta-feira, outubro 05, 2011
as gavetas comem letras escrevi às 14:33
segunda-feira, outubro 03, 2011
coleciono músicas tristes e frases sem sentido. anoto tudo em papeis avulsos, listas de compras, comprovantes de pagamento, bordas de livros ou em qualquer lugar... nunca sei onde devo guardar tais palavras ou repousar minhas mãos então faço tudo isso em silêncio como se rezasse, faço sem ter para quem mostrar.
pensar nisso nunca me levou a lugar algum, mas bem sei que ainda é de manhã e que há um mundo inteiro lá fora. pena, nunca acontece nada...
logo sou obrigado a inventar novas promessas e ansiar que no final do dia eu tenha ao menos lido os livros corretos, e que ao menos eles tenham me ensinado algo sobre saber esperar e ter esperança.
escrevi às 06:39
sábado, setembro 03, 2011
tenho vontade de chorar nesses dias em que se desvelam coisas bonitas e cotidianas... pode ser o sol batendo na janela do ônibus, um conceito, uma lembrança que me escapa ou uma música triste no meu fone de ouvido que toca no momento exato. é sempre nesses instantes que me lembro de você e quase me sinto triste por não ter ninguém para compartilhar essas pequenas banalidades.
acho meio idiota pensar tudo isso e voltar cabisbaixo para casa, com a mão nos bolsos, performando minha forçosa tristeza de modo infantil. talvez você também me julgasse meio patético andando sem direção, fazendo milhares de planos afetivos, criminosos e impossíveis.
ainda que esses planos sejam os mesmos há anos, mudando poucas pessoas, pequenos detalhes e perdendo um pouco do seu brilho, só queria mostrar que você sempre esteve neles e eu não sabia...
escrevi às 01:12
quinta-feira, fevereiro 17, 2011
Você precisa descobrir o que quer...
Não é fácil dizer a verdade ou ser sincero com o que se deseja.
e ninguém quase nunca quer saber sobre nossas vontades,
então eu queria dizer a você:
que é preciso ser forte
é preciso ter coragem
é preciso escolher
por mais clichê que tudo isso soe
(e nós sabemos que é clichê)
eu passei muito tempo
culpando a todos e a tudo
quando só dependia de mim
e é isso que talvez doa mais
admitir:
"só depende de mim" escrevi às 16:35
sexta-feira, dezembro 17, 2010
eu vi todas as nostalgias
afogadas no branco da minha pupila.
era como Borges,
carregava fantasmas nos olhos.
ano a ano
a escuridão vai incessantemente
me apagando
e as vezes rezo
para que não exista mais nada
que eu ainda possa ver. escrevi às 17:00
quarta-feira, dezembro 15, 2010
num esforço para que as pessoas
olhem mais nos olhos umas das outras,
e também para satisfazer os mudos,
o governo decidiu determinar
para cada pessoa exatamente cento
e sessenta e sete palavras por dia.
quando toca o telefone, ponho-o ao ouvido
sem dizer alô. no restaurante
aponto para a canja de galinha.
estou me ajustando bem ao novo jeito.
tenho estampas para todas as ocasiões.
cada manhã invento uma nova frase
que imprimo numa camiseta,
como os seres humanos estão vindo
ou karaokê para mudos.
tarde da noite, ligo para meu amor distante,
orgulhoso digo somente gastei cinqüenta e nove hoje. guardei o resto para você.
quando ela não responde
sei que usou todas as suas palavras
então sussurro lentamente eu amo você
trinta e duas vezes e um terço.
depois disso, ficamos junto à linha
ouvindo um o respirar do outro.
Jeffrey MacDaniel - O Mundo Silencioso escrevi às 01:43
terça-feira, dezembro 14, 2010
guardo dentro do peito
seu amor frágil e medroso
as vezes ele insiste em querer fugir
mas eu sou mais forte
e o escondo dentro de folhas rabiscadas
ou em pensamentos vagos no ônibus
toda noite para ver se ainda está lá
deixo ele sair
e quando você está dormindo
digo baixinho para ele:
"tenha coragem para sobreviver um pouco mais" escrevi às 00:40
segunda-feira, dezembro 13, 2010
Acordei assustado, meu nariz estava sangrando e minhas mãos tremendo. Sonhar com você é como reviver infinitas vezes aquele momento, o eterno retorno do mesmo instante.
Não foi a primeira vez e sempre que isso acontece sou tomado pela sensação de que estou perdendo algo muito meu e me sinto tão só sentado na cama, com um fio de sangue corrido em uma das narinas e ninguém para ligar nessa cidade imensa. Talvez você pudesse escutar as promessas tolas que sempre faço de manhã, mesmo que essas promessas não possam ser cumpridas e sejam idiotisses como: "eu prometo não ligar mais", "eu prometo não me desesperar" ou "prometo nunca amar você se isso te fizer infeliz".
Acho que você iria ficar em silêncio, como sempre faz e eu pediria desculpas, com vergonha de ter o dom de sempre dizer a frase errada na hora errada. Conversar com você me dá medo pois ainda espero que em uma hora qualquer você olhe para mim e diga: "estou cansada e não quero mais". Não seria a primeira vez...
Sei o quão idiota é esperar qualquer sinal, qualquer mensagem cifrada sua porque eu sei que no fundo quero mesmo que diga: "sim, estou pronta e quero que fique aqui essa noite".
Quando será que aprenderei a ser um senhor sem escravos? A cratera bem no centro das entranhas, cresce e devasta tudo no entorno, até só restar o silêncio e o sangue dificultando minha respiração.
Não há para quem ligar agora.
escrevi às 20:40
segunda-feira, dezembro 06, 2010
"Alguma vez você já se apaixonou? Horrível, não é? Você fica tão vulnerável. Seu peito se abre, seu coração se abre e isso significa que alguém pode entrar em você e bagunçar tudo. Você ergue todas essas defesas, você constrói uma armadura durante anos, de modo que nada possa te machucar, então uma pessoa estúpida, nada diferente de qualquer outra pessoa estúpida, entra em sua vida estúpida... você dá a eles um pedaço de você. Eles não pediram por isso. Eles fizeram alguma coisa de estúpido um dia, como beijar você ou sorrir para você, e então sua vida já não lhe pertence mais. O amor faz reféns. Ele fica dentro de você. Ele devora você e te deixa chorando na escuridão, então uma simples frase como 'talvez devessemos ser apenas amigos' se transforma em estilhaços de vidro rasgando o caminho em seu coração. Isso dói. Não apenas na imaginação. Não apenas na mente. É uma alma ferida, uma verdadeira dor-dentro-de-você-que-te-rasga-para-além-da-dor. Eu odeio o amor."
Neil Gaiman
escrevi às 02:34
sexta-feira, dezembro 03, 2010
nenhuma palavra
ou frase
só o cansaço de olhar o teto
falta pouco para que amanheça
e o seu cheiro em minha cama
não me deixa dormir
logo a claridade
atravessa as cortinas
e terei que sair de casa
com minhas olheiras fundas
irei agredir
o comerciante abrindo sua loja
os velhinhos comprando pão
o trocador do ônibus
mas nenhum deles irá entender
por que diabos
eu estou sorrindo escrevi às 05:10
"Entrarei silencioso no quarto de dormir e me deitarei entre noivo e noiva, esses corpos caídos do céu esperando nus em sobressalto, braços pousados sobre os olhos na escuridão, afundarei minha cara em seus ombros e seios, respirarei tua pele e acariciarei e beijarei a nuca e a boca e mostrarei seu traseiro, pernas erguidas e dobradas para receber, caralho atormentado na escuridão, atacando, levantado do buraco até a cabeça pulsante, corpos entrelaçados nus e trémulos, coxas quentes e nádegas enfiadas uma na outra e os olhos, olhos cintilando encantadores, abrindo-se em olhares e abandono, e os gemidos do movimento, vozes, mãos no ar, mãos entre as coxas, mãos, na humidade de macios quadris, palpitante contracção de ventres até que o branco venha jorrar no turbilhão dos lençóis e a noiva grite pedindo perdão e o noivo se cubra de lágrimas de paixão e compaixão e eu me erga da cama saciado de últimos gestos íntimos e beijos de adeus – tudo isso antes que a mente desperte, atrás das cortinas e portas fechadas da casa escurecida cujos habitantes perambulam insatisfeitos pela noite, fantasmas desnudos buscando-se no silêncio. "
Poema de amor sobre um tema de Whitman - Allen Ginsberg escrevi às 02:13
segunda-feira, novembro 29, 2010
Caro Senhor I.,
faz muito tempo que não nos vemos mas ainda permanece doloroso constatar que sua faca só pesa em minhas costas em noites como essa. Espero que me perdoe por começar atacando, mas se há algo que me ensinou, foi justamente nunca hesitar em atirar. Acho que aprendi essa lição muito bem.
Em nosso último encontro o senhor ainda parecia um pouco transtornado e arredio, mesmo assim eu ainda pensei em te abraçar em nome da nossa velha amizade mas mantive uma distância segura. É provável, que o senhor não tenha se incomodado e até compreendido bem essa minha desconfiança, já que todas as suas relações parecem sempre pautadas nisso, um grande jogo de traições e rupturas. Triste é constantar que o senhor nunca pareceu ser um bom estrategista, escolhendo constantemente como inimigo aqueles que tinham o senhor em mais alta estima.
Não quero usar de silogismos prontos e covardes afirmando que o senhor me dragou para sua vida com seus problemas e que tem o perverso poder de destruir tudo por tão pouco. Sei onde errei em minha última carta e todo ressentimento infantil que deixei transparecer no calor das horas mas como o senhor, eu não vou pedir desculpas... talvez hoje eu entenda melhor suas atitudes, embora tenha dificuldade em aceitar que todas as suas certezas te transformaram somente em alguém infeliz e distante de qualquer "outro". Não era contra isso que lutavamos?
Desejo que o senhor esteja bem, mesmo que sua escolha tenha sido essa, ser eternamente coerente com o mofo dentro do próprio peito.
Adeus.
escrevi às 23:50
Certa vez, queimei todos os pedaços de papel, poesias e cartas que me lembravam um grande amor. Em um desses papeis estava escrito, ironicamente, que eu estaria mentindo se algum dia dissesse ter esquecido tudo aquilo que senti.
O que de certa forma acabou sendo verdade.
Naquela época eu não sabia como era estar de fato com outra pessoa e me lembro perfeitamente da expressão no rosto dela quando disse: "não sei e talvez nunca possa dizer o que quero de você" (foi uma expressão tão confusa como observar o rosto de Magda, a vizinha de "Não Amarás"). A verdade é que passei muito tempo procurando alguma explicação por ter sofrido tanto por ela, mas nunca encontrei nada além de todas as idealizações infantis que eu mesmo criei.
Então, acho que hoje posso te dizer que talvez entenda sua dor, pois naquela época eu também parecia precisar de um drama qualquer para preencher meus dias. E é por isso que estou aqui, eu ainda estou aqui... escrevi às 16:40
domingo, novembro 28, 2010
quase um ano se passou
desde que achei que queria beija-la
depois disso
o gosto de cerveja quente
e
quase
500 cigarros apagados
em seus lábios
me lembram
que estou exatamente
onde queria estar
Escreveria mais se não tivesse tão cansado de não dizer nada... escrevi às 06:01
sábado, novembro 27, 2010
devo dar o próximo passo mesmo sem saber onde estou pisando?
meu coração dispara e pupilas dilatam enquanto sinto um frio incomodo na barriga... não consigo pensar em nada. pode ser o último instante e na velocidade que estamos provavelmente não vai sobrar nada. ninguém pronunciará uma palavra, apenas afrouxaremos o cinto e vislubraremos nosso fim, inclinando a cabeça para baixo, fitando corajosamente o abismo que se revela.
assim espero que aconteça, mas é provável que eu não ache resposta alguma essa noite. talvez porque não há resposta a ser encontrada... não hoje e não essa noite. se você pedisse, aceitaria de bom grado me calar mas mesmo se eu ficasse em silêncio teria pouca sorte e estou tão cansado de fingir que não estarei aqui quando você voltar que vou guardar todos os meus segredos...
bem sei que de manhã quando acordar e olhar o teto, como sempre faço, tudo que sinto terá passado. vou me sentir idiota por sempre inventar motivos para perder o sono. meu quarto sem você parece menos meu, é só um quarto, um lugar qualquer, um pequeno ponto perdido no nada, no escuro... a cama desfeita e o espaço vazio que deveria ser seu parecem demonstrar que tudo isso só é importante para mim.
só agora me lembro da sua promessa mas o que eu realmente quero, não se pode pedir a ninguém.
escrevi às 03:10
sexta-feira, novembro 26, 2010
Eu entro/ eu te vejo/ eu te observo/ eu te examino/ eu te espero/ eu te faço cócegas/ eu te provoco/ eu te respiro/ eu converso/ eu toco no seu cabelo/ você é a pessoa/ você é a pessoa que fez isso comigo/ você me pertence/ eu te mostro/ eu te sinto/ eu te pergunto/ eu não pergunto/ eu não espero/ eu não te pergunto/ eu não posso te contar/ eu minto/ estou chorando muito/ havia sangue/ ninguém me contou/ ninguém sabia/ minha mãe sabe/ eu esqueço seu nome/Eu não penso/ eu escondo minha cabeça/ eu escondo sua cabeça/ eu escondo você/ minha febre/ minha pele/ eu não consigo respirar/ eu não consigo comer/ eu não consigo andar/ eu estou perdendo tempo/ estou perdendo chão/ não posso agüentar isso/ eu choro/ eu grito/ eu mordo/ eu mordo seu lábio/ eu respiro sua respiração/ eu pulso/ eu rezo/ eu rezo em voz alta/ eu cheiro você na minha pele/ eu digo a palavra/ eu digo seu nome/ eu te cubro/ eu te abrigo/ eu fujo de você/ eu durmo ao seu lado/ eu cheiro você nas minhas roupas/ eu guardo suas roupas.
Jenny Holzer, um poema escrevi às 03:13
domingo, novembro 21, 2010
me relate todos os seus feitos
seus períodos de chuva
e todas as razões pelas quais você não conseguia dormir a noite
queria ser merecedor dos seus segredos
gostaria de encontrar uma coisa qualquer para acreditar só hoje só por hoje
isso é o que se sente
andando sem rumo
através das ruas dessa cidade
esperando que os pensamentos cessem
enquanto volto para casa
nuvens
telhados
ruas e casas
me distraem
me impedem de entender
o que de fato tudo isso significa
talvez
eu esteja perdido
ou quem sabe,
o amor escrevi às 02:29
quinta-feira, novembro 18, 2010
"Agora escrevo pássaros. Não os vejo chegar, não escolho, de repente estão aí, um bando de palavras a pousar uma por uma nos arames da página, entre chilreios e bicadas, chuva de asas, e eu sem pão para dar, tão somente deixo-os vir. Talvez seja isto uma árvore, ou quem sabe, o amor."
Para Cris - Julio Cortázar escrevi às 15:51
segunda-feira, novembro 15, 2010
penso em te acordar para ler o poema que achei
mas 4:48 se aproxima e você deve estar na cama
talvez sinta o mesmo que eu no seu quarto silencioso
não tenho pressa
dirigiria até você
se soubesse dirigir
ou
escreveria meus versos mais bonitos
mas só consegui esse emaranhado de palavras sem sentido
então eu fico deitado em minha cama
olhando para o teto
esperando que algo ocorra
(nunca acontece nada)
o telefone não vai tocar
a porta não vai abrir
e o café intocado já esfriou na mesa
enquanto ainda não amanheceu
quando você abre os olhos qual é a primeira coisa que você pensa? escrevi às 04:40
domingo, novembro 14, 2010
Certa vez sem querer tropecei no amor, desde então, eu sinto como se estivesse doente. escrevi às 23:46
eu amava a sua ausência. lembrava do seu cheiro, mas não era o “seu” cheiro. escutava a sua voz, mas não era a “sua” voz. a foto que ficava em cima da escrivaninha e que escondi no fundo armário também não era você. e era isso que eu amava tanto: a sua ausência tinha a minha forma e tenho saudades quando começo a esquecer quem sou.
há várias maneiras de não se sentir só. simular a presença e criar alguém.como os fantasmas que acompanham fotos, roupas, cartas, cheiros ou lembranças. a presença não é uma questão necessariamente física (muito menos estar sozinho). a concretude parece as vezes ser apenas mais um dos meios de propagação desse desencantamento do mundo.
a sua lembrança era como a respiração quando se dorme junto ou o braço largado sobre o peito do outro. era como se nada de ruim acontecesse enquanto eu pudesse lembrar. e já fazia muito tempo que tudo era tão silencioso e calmo. tudo era silêncio em direção ao silêncio absoluto. o pensamento vagando pelos caminhos da memória; completamente sozinho. por resto, eu entrava nos elevadores louco para que eles caíssem ou por qualquer outro barulho que quebrasse o silêncio. ansioso por um uivo que ecoe dentro de mim.
acho que ela também sentia o mesmo, mas sempre foi muito mais corajosa que eu, nunca esperou que pressão subisse, a ansiedade aumentasse ou que o coração parasse. ainda assim ela se cansou e pelo menos em um momento de todos aqueles anos, decidiu sobre o seu destino. tomou as rédeas da sua vida.
nada mudou.
ao menos, durante um bom tempo. recebi visitas de consolo que me faziam rir um pouco da idiotice daquelas pessoas. eu não precisava de visitas. já me cansei das conversas sobre “como vão os seus estudos?”, “e o coração?”... e o coração... meus amigos (os que restaram) acham que estou deprimido, mas nem psicólogos e nem orações resolvem o meu problema. não quero distrair a minha tristeza, não quero me distrair. acho que todos que me cercam sabem o que quero, só que é extremamente difícil para qualquer um deles ceder. é sempre mais fácil apelar para as convenções, para as palavras prontas de aconchego. digam que sou orgulhoso! digam que eu desejo mais do que posso ter! não é assim que eu quero que as coisas acabem! eu quero apenas o começo. só o começo sem fim algum.
coloco meu tênis velho, pego o casaco e saio para a rua. sempre existe uma esperança que algo aconteça (fico lembrando e cantarolando aquela canção que diz que há uma luz que nunca se apaga) . no elevador nada acontece. as ruas estão vazias e eu penso "nada demais". nada demais. o sinal está aberto para mim. atravesso devagar como se não fosse conseguir chegar ao outro lado, como se fosse desaparecer feito um fantasma. no entanto, algo me atinge antes de chegar ao outro lado. abro os olhos e não estou em casa. já não consigo sentir dor. uma luz pisca acima da minha cabeça (ela nunca se apaga completamente).
chove forte
finalmente eu estou só
escrevi às 16:35
quinta-feira, novembro 11, 2010
"ficarei a beira da porta
esperando você voltar
e quando aparecer no corredor
os meus braços parecerão pequenos para te abraçar
como uma criança prestes a chorar
afundarei minha cabeça nos teus ombros
e sujarei com lágrimas sua roupa
seu pescoço
cabelo
encherei seu ouvido com meu lamento
silencioso
meu rosto ficará deformado
mas nenhum som sairá da minha boca"
do caderno azul que achei perdido pelo quarto escrevi às 03:58
segunda-feira, novembro 08, 2010
"O que fazer quando não se pode mais amar as memórias?"
você sofre por achar frases mal escritas e perdidas em seu caderno azul (frases que ridiculamente ainda fazem sentido) escrevi às 18:01
Eu tenho medo de esquecer você e acreditar na maior mentira que inventei que não se consegue sentir falta do que não se pode lembrar escrevi às 17:40
domingo, setembro 26, 2010
"Eu repito: a minha memória não é amor, mas hostilidade. Ela trabalha não para reproduzir, mas para afastar o passado." Deleuze
escrevi às 13:58
Enquanto limpava os livros na estante empoeirada achei um papel com letras tremidas, escritas a lápis e quase apagando. Reproduzo essas letras agora, não para lembrar mas, esquecer...
"e como veio tão logo partiu, levando com ela tudo o que era meu, levou as tardes, noites, o almoço, o deitar na cama, os banhos demorados, as pizzas nas quintas-feiras, suas bebedeiras no fim de semana, as risadas, choros e algumas pouca brigas,
todos os clichês de um relacionamento
e no fim não restou nada ... talvez fosse pouco, e eu sei que era, mas tudo que eu tinha era seu." escrevi às 13:55
domingo, setembro 19, 2010
Não há nada mais triste que ficar em casa com o vestido de festa escrevi às 20:18
terça-feira, setembro 14, 2010
A velha sensação de precisar escrever e cruzar a madrugada esperando que algo aconteça... Sei bem como é isso tudo e nada consegue aplacar a fome que sinto agora, nenhum rosto, situação ou lembrança me faz dormir, então eu volto a essas mesmas páginas para escrever as mesmas coisas e fingir que toda essa tristeza me traz mais do que velhos problemas. É engraçado e triste que como nunca consigo escrever o que sinto, não tenho coragem e tudo soa mais piegas do que é de fato. Então mudo de assunto... como estou fazendo agora... Talvez seja doloroso admitir que se está perdido e que não há animo nem mesmo para levantar da cama as vezes... há coisas que não devem ser ditas nem mesmo quando se está sozinho e toda vez que esses pensamentos me invadem, me calo e tento pensar que isso é só uma fase. Somos novos e há um mundo inteiro pela frente. E tudo que queria escrever parece ser pouco, me calo e vou deitar... é o que resta... escrevi às 00:39
sábado, junho 05, 2010
Nada mais patético do que mendigar atenção... engraçado, achei que já havia me acostumado... escrevi às 18:35
As vezes eu esqueço que esse lugar existe e o que ele de fato significa para mim. Só volto à esse espaço quando sou impelido a escrever sobre o que não entendo, quando estou triste demais para sair e andar pela cidade, quando me canso (e me envergonho) de chorar debaixo das cobertas... tudo isso soa clichê e de fato é, mas em dias frios como esse só isso me restou, um punhado de frases sem sentido e sentimentos que eu não sei onde guardar. escrevi às 17:14
quarta-feira, dezembro 09, 2009
"você é como um peixinho dourado fora da água, saltando desesperado tentando voltar para o aquário, aquela prisão que chamava de lar..."
Teria dito isso a ela se também não fosse como um peixinho dourado, 3 segundos passaram e ele se esqueceu por qual razão tinha fugido...
escrevi às 00:45
segunda-feira, novembro 23, 2009
Não faz muito tempo em que eu sonhei com você suas mãos em meu cabelo me empurrando para baixo me afogando nessa água rasa e suja eu deveria estar desesperado para respirar mas esboço um sorriso por ainda ser digno o bastante para que me toque agradeço silenciosamente e ficarei tão satisfeito com suas migalhas que chamarei de amor escrevi às 00:26
sexta-feira, novembro 20, 2009
andar pela cidade de madrugada
pensando em como é bonito
ainda ter sonhos
(sem que isso doa) escrevi às 01:03
quinta-feira, novembro 19, 2009
já faz tempo
eu acordava no meio da noite e procurava
deus ainda estava lá.
é verdade que fui feliz
e que meus dias também foram belos
como no ano em quem te amei
mas meus sapatos já estão caminhando
sozinhos
para casa escrevi às 00:21
segunda-feira, novembro 02, 2009
primeiro esboço para um futuro fracasso
"todos os dias antes de dormir ouço por debaixo da porta os passos do homem que fica lá fora andando por toda noite.ele só aparece quando eu não estou olhando, só me lembro dele quando vou dormir, quando estou tão cansado e penso que bonito seria voltar a ver cinema no teto do quarto feito das luzes dos carros nas ruas, mas quando me deito já não há mais carros lá fora e o homem permanece impaciente como se dissesse: enquanto não fechar os olhos ainda estarei aqui, arrastando chinelo pela casa a procura de algum sentido dentro dos armários ou da geladeira...
há tanta coisa acontecendo lá fora porque você insiste em tentar dormir? é tão fácil arranjar uma desculpa qualquer: "esta tarde", "estou sozinho", "não tenho dinheiro", "não sou bom o bastante"... nunca nos sentiremos bons o bastante para nada (e já ficou tarde demais para agir).
as vezes eu tento mas lagrimas saltam dos olhos e fico olhando para o teto me perguntando por qual razão estou chorando se já faz tanto tempo (e não faz mais sentido), se eu já deveria ter me acostumado a certos fracassos... fico quieto, pensando nos belos versos que poderia fazer com essa "dor" (mas nunca faço). permaneço um tempo com o rosto molhado e quente, até que me sinto idiota e tenho pena de mim mesmo. talvez só assim me sinta de fato satisfeito....
a verdade é que ainda tenho 20 e poucos anos e penso nisso porque eu sei que agora o mundo parece extenso e com possibilidades tão grandes que me sinto pequeno e sozinho quando vou dormir, como tantos outros também dentro de seus quartos escuros, morando em apartamentos velhos com suas avós velhas e gordas, em prédios velhos de um bairro sujo qualquer, em cidades afastadas das cidades principais, em países distante dos principais países... me sinto solitário e igual a tantos outros, sem nada para mostrar como meu, para dizer "sou único, olhe que eu já fiz"... apenas idéias... milhões de idéias sem cor e sem forma... eu sei, que quando tiver que arranjar um emprego que não gosto (pois um dia os pais se cansam de tanta passividade), quem sabe irei sorrir e dizer: "já era hora de crescer" .
os anos vão passar e não seremos artistas e nem astros do rock, só funcionarios públicos com um grande sorriso no rosto por estarmos vivos e termos dinheiro para no final de semana quem sabe ir ao cinema e fingir ter uma vida. Seus amigos sentirão a mesma coisa mas permanecerão calados, guardaremos tudo isso em segredo pois há coisas que não podem ser ditas.
virão as incontaveis paixões, os amores que não vão se realizar... como o primeiro amor passou... o segundo amor passou... o terceiro amor passou... o amor vai apenas passar e ficarão os filhos para te lembrar que é necessário trabalhar mais para dar a eles alguma possibilidade de também poderem sentir o vazio que você sente agora.
(ainda clama todas as manhãs para que alguém te toque, roce levemente a mão sobre seus ombros mas agora parece que estamos bem no fundo e é triste como alguns ainda finjam respirar quando todos estão se afogando nessa mesma agua suja)
no fim, ficaremos cansados, enrugados e tudo isso só servirá para ver que todas as minhas ideologias não me trouxeram nada,nada além de me afastar de qualquer coisa que fosse diferente do que sou... velho e sozinho, eternamente coerente com o mofo dentro de mim.
já é de manhã e eu não tenho sono."
escrevi às 22:44
sábado, outubro 31, 2009
Você só me dói nessas horas, nesses dias tão bonitos e luminosos em que estou sozinho! escrevi às 08:09
sábado, outubro 03, 2009
"Há infinita esperança, mas nao para nós"
Kafka escrevi às 03:40
O tempo todo como era óbvio o contentamento descontente;
Como isso era claro, óbvio;
Como ouvidos poderiam ser violados com bobos segredos lindos e indecentes.
Como eu poderia imaginar, na minha tola experiência que alguém assim, tão perfeito, tão cheio de forma e graça poderia calçar com tanta precisão o sapato perdido na escadaria? Não é tolice pensar que você pode gostar de alguém e ser retribuído?
O primeiro amor passou... o segundo amor passou... o amor simplesmente passou e você só me deu o que era confortável dar... escrevi às 03:33
quarta-feira, novembro 05, 2008
"Oh Mother, I can feel the soil falling over my head"
And as I climb into an empty bed
Oh well... Enough said
I know it's over - still I cling
I don't know where else I can go
Oh...
Oh Mother, I can feel the soil falling over my head
See, the sea wants to take me
The knife wants to slit me
Do you think you can help me ?
Sad veiled bride, please be happy
Handsome groom, give her room
Loud, loutish lover, treat her kindly
(although she needs you
more than she loves you)
And I know it's over - still I cling
I don't know where else I can go
(Over and over and over and over
Over and over...)
I know it's over
And it never really began
But in my heart it was so real
And you even spoke to me, and said:
"If you're so funny
Then why are you on your own tonight?
And if you're so clever
Then why are you on your own tonight?
If you're so very entertaining
Then why are you on your own tonight?
If you're so very good-looking
Why do you sleep alone tonight?
I know...
Because tonight is just like any other night
That's why you're on your own tonight
With your triumphs and your charms
While they're in each other's arms..."
It's so easy to laugh
It's so easy to hate
It takes strength to be gentle and kind
(Over, over, over, over)
It's so easy to laugh
It's so easy to hate
It takes guts to be gentle and kind
(Over, over)
Love is Natural and Real
But not for you, my love
Not tonight, my love
Love is Natural and Real
But not for such as you and I, my love
Oh Mother, I can feel the soil falling over my head
Oh Mother, I can feel the soil falling over my head
Oh Mother, I can feel the soil falling over my head
Oh Mother, I can feel the soil falling over my
I Know it's Over - The Smiths escrevi às 02:18
Quando vai me deixar em paz foi você quis assim e já não posso fazer nada senão esperar que você também se esqueça você nunca muda de fato e se está infeliz essa noite a culpa é só sua ...e eu sei que você está ...
escrevi às 01:31
sexta-feira, outubro 31, 2008
Esse é nosso último adeus... odeio sentir que o amor entre nós morreu mas está acabado. Apenas escute e depois eu irei embora: você me deu mais por que viver mais do que você saberá.
Esse é nosso último abraço. Eu só preciso sonhar pra ver o seu rosto. Por que não conseguimos superar esse muro querida, talvez seja porque eu não te conhecia.
Beije-me, por favor, me beije mas me beije pelo desejo, querida, não pela consolação. Você sabe, isso me deixa tão irritado, porque eu sei que na hora eu só vou lhe fazer chorar, este é nosso último adeus.
Você disse: "Não,isso não pode acontecer comigo" e você correu até seu telefone pra ligar? E tinha uma voz estranha na sua mente lhe dizendo: "talvez... você não o conheça...você não o conheça..."
Então, os sinos da torre da igreja tocaram queimando vestígios dentro desse meu coração pensando bastante nos seus delicados olhos e na memória dos seus suspiros "Está tudo acabado,está tudo acabado..."
Last Goodbye - Jeff Buckley escrevi às 23:37
lembra daquele dia que a chuva molhou nossos pés e você me prometeu 60 anos que nunca virão agora as paredes parecem estar velhas demais e eu tenho vontade de quebrar a casa inteira oh me desculpe me desculpe por lembrar das suas palavras vazias alguns não conseguem esquecer todas essas noites sem dormir e tantas promessas que faziamos nessa mesma cama "ficaremos para sempre juntos" "para sempre" soa tão engraçado agora eu não estava mentindo eu juro não estava mentindo lembra daquela noite em que você me contou todos seus segredos (sem dizer nenhuma palavra) para onde eles vão agora que tudo acabou com certeza essa é unica herança que você me deixou milhares de fantasmas dentro de gavetas escrevi às 22:54
quarta-feira, outubro 01, 2008
"Eu vi os expoentes da minha geração destruídos pela loucura, morrendo de fome, histéricos, nus, arrastando-se pelas ruas do bairro negro de madrugada em busca de uma dose violente de qualquer coisa..."
Uivo - Allen Ginsberg escrevi às 23:29
Talvez eu esteja apenas cansado ou a bebedeira do dia anterior ainda não tenha passado "as luzes da cidade ficam tão bonitas quando você tropeça nos próprios passos e mente para si mesmo que a euforia não é passageira" sim, é necessário acreditar que vem dos copos vazios essa sensação de que nunca deixo de pensar em você talvez bastasse lembrar que o tempo se encarregará de tudo do estômago revirando do gosto ruim na boca que sempre permanecem mesmo sóbrio escrevi às 22:47
segunda-feira, setembro 29, 2008
"Há uma névoa sobre a cidade como a fumaça no balcão. você tem 3 cigarros agora, todos acesos entre seus dentes. O resto de nós bebe às nossas lembranças decadentes porque sabemos que estamos indo embora, mas isso acontece tão de repente. você é a prescrição perfeita para minha negatividade. apenas uma breve conversa como uma rapida dose de alívio.veja o que você fez. Cantando apenas sobre a dor, é tão estúpido mas acho que é fácil reclamar. tudo isso é sobre a dívida. para sempre em débito com você. os melhores amigos que eu poderia ter. para sempre em dívida com você"
Respira - A Brief Conversation escrevi às 20:47
eu chamo meus amigos (os que restaram)
para me assistirem cair da porta do bar eles riem queria que me visse agora com o rosto voltado pra o chão não é uma questão de culpar alguém pelos erros, mas desta vez eu sei (e aceito) a culpa é minha. escrevi às 19:53
domingo, setembro 28, 2008
"- Pelo amor de Deus, não diga isso, Ned! Não quero reconhecimento... o que quero é compreensão, não sei o que quero de você, ou de qualquer outra pessoa, na verdade. Quero mais do que recebo, é tudo que sei. Quero que você saia para fora da sua pele. Quero que todo mundo se dispa, não apenas até a pele, mas até a alma. Às vezes fico tão faminto, tão voraz, que seria capaz de comer as pessoas. Mal posso esperar que me digam as coisas... como sentem... o que querem... e assim por diante. Quero mastigá-las vivas... descobrir por mim mesmo... rápido, imediatamente. Escute aqui: apanhei um desenho de Ulric que estava sobre a mesa. Está vendo isso? Suponhamos que eu o comesse - comecei a mastigar o papel. - Por Deus, Henry, não faça isso! Ele vem trabalhando nisso nos últimos três dias. É uma encomenda - Arrancou-me o desenho da mão. - Está bem, disse eu. Me dê outra coisa, então. Me dê um casaco... qualquer coisa. Venha cá, me dê sua mão. - Fiz uma tentativa de alcançar sua mão e levá-la até a boca. Ele a puxou violentamente. - Você está ficando doido - disse ele. Ouça, controle-se. As garotas logo estarão de volta e então, você poderá comer comida de verdade. - Como qualquer coisa. Não estou com fome, disse eu, estou exaltado. Só quero lhe mostrar como me sinto. Você nunca fica assim? - Certamente que não! - disse ele, mostrando um canino. Por Deus, se chegasse a esse ponto iria consultar um médico. Acharia que estava com delirium tremens ou algo do gênero. É melhor você deixar o copo descansar... o gim não está lhe fazendo bem. - Acha que é o gim? Está bem, vou jogá-lo fora. - Fui à janela e joguei a bebida fora, na área. - Pronto, agora me dê um copo d´água. Traga um jarro d´água. Vou lhe mostrar... Nunca viu ninguém ficar bêbado com água, hein? Pois bem, me observe. (...) - Tem certeza que não quer uma gotinha de gim na água? Não vou acusá-lo de trapaça. A água é tão sem graça, sem gosto! - A água é o elixir da vida, meu caro Ned. Se eu governasse o mundo, daria às pessoas criadoras uma dieta de pão e água. Aos obtusos daria a comida e a bebida por que anseiam. Eu os envenenaria satisfazendo seus desejos. A comida é veneno para o espírito. A comida não satisfaz a fome, nem a bebida, a sede. O alimento, sexual ou de outra ordem, só é satisfatório para os apetites. A fome é outra coisa. Ninguém pode satisfazer a fome. A fome é o barômetro da alma. O êxtase é a norma. Serenidade é estar livre das condições atmosféricas - o clima permanente da estratosfera. É para onde todos nós nos dirigimos... para a estratosfera. Já estou um pouco bêbado, não vê? Porque, quando você pode pensar sem serenidade, quer dizer que já passou do zênite de exaltação. Um minuto depois do meio-dia começa a noite, dizem os chineses. Mas no zênite e no nadir você fica totalmente parado por um momento ou dois. Nos dois pólos, Deus lhe dá a chance de se livrar do mecanismo de relógio. No nadir, que é a intoxicação física, você tem o privilégio de ficar louco - ou de cometer suicídio, No zênite, que é um estado de êxtase, pode-se passar realizado para a serenidade e a felicidade. São agora dez minutos depois das doze no relógio espiritual. A noite caiu. Não estou mais com fome, sinto apenas um desejo maluco de ser feliz."
Sexus - Henry Miller escrevi às 02:59
devo voltar para casa, o dia amanhece e o resto de nós bebe festejando nossas memórias decadentes em um bar sujo qualquer ainda estou como se bêbado de água penso, talvez exista um ponto onde possa observar tudo de forma mais clara então retornarei alguns passos e me embriagarei em nossas meias verdades já não me sinto tão idiota nesse "lugar menos importante" em que você me deixou escrevi às 01:35
quarta-feira, setembro 24, 2008
"Deste-me a intempérie, A leve sombra da tua mão Passando por meu rosto. Deste-me o frio, a distância, O amargo café da meia-noite Entre mesas vazias.
Sempre começou a chover Na metade do filme, A flor que para ti levei tinha Uma aranha esperando entre as pétalas
Creio que sabias E que favoreceste a desgraça. Sempre esqueci o guarda-chuva Antes de ir buscar-te, O restaurante estava lotado E vozeavam a guerra nas esquinas.
Foi uma letra de tango Para tua indiferente melodia."
Quiçá a mais querida - Julio Cortázar
escrevi às 19:28
Não estou silencioso porque não estou pensando em você. Eu apenas não tenho nada de novo a dizer. escrevi às 18:53
domingo, setembro 21, 2008
Vladimir: Então, devemos partir? Estragon: Sim, vamos. Eles não se movem.
Esperando Godot - Samuel Beckett escrevi às 02:30
esperei a noite inteira e todos os meus pensamentos não me levaram a lugar nenhum a melhor parte de aguardar é sempre ver que de manhã não se sente mais nada mesmo que suas chaves ainda permaneçam em cima da mesa mesmo que eu perceba sua ausência pelo vazio na cama desfeita escrevi às 02:08
domingo, setembro 14, 2008
"o pessimista deve inventar para si mesmo, a cada dia, outras razões para existir: é uma vítima do sentido da vida"
E.M. Cioran escrevi às 01:23
e assim, gradualmente, vamos seguindo em frente... você sabe como é dificil, não sabe? ( mesmo que as vezes pareça ser tão fácil para você ) paciência... o passado precisa ficar onde está então já deixei de acreditar em promessas mesmo que faça as minhas todas as manhã quando acordo: "não ficar triste" "não me apaixonar" "ir a aula" "não lembrar" "seguir" "..." são as minhas preces silenciosas meus pequenos motivos diários para viver e as promessas que eu também quebrarei. tenho certeza de que não posso fazer mais nada por nós ( isso é tão libertador, querida) estou cansado e já não me importo mais se me procura, se virá me assustar a noite em meus sonhos, se tem problemas, se está sozinha, se suas cartas ficam pelo chão, se seu namorado te trai, se ainda lê o que escrevo ou tem sentimentos por mim, se está feliz eu estou isso basta
(sei que não poderei cumprir grande parte delas) escrevi às 00:50